China: Reitor da Universidade Católica de Macau espera que aproximação entre o Vaticano e Pequim abra novas portas

Acordo provisório permite unificação das comunidades católicas no país

Lisboa, 09 out 2018 (Ecclesia) – O padre Peter Stilwell, reitor da Universidade Católica de São José, em Macau, disse à Agência ECCLESIA que o acordo entre o Vaticano e Pequim mostrou um Papa “muito sensível” à questão da China.

“Contra ventos e marés, impulsionou negociações com o governo chinês, que permitiram o acordo, ainda provisório, sobre o grande problema de haver duas comunidades católicas que dificilmente se entendem entre si”, referiu o sacerdote português.

O responsável explica que a Universidade Católica de São José tinha “uma grande limitação”, por não poder “recrutar alunos na China”, apenas em Macau e no estrangeiro.

“Espero que o entendimento entre a Santa Sé e a China possa abrir também portas para que a nossa universidade católica, a única na República Popular da China, possa desenvolver-se e servir melhor esse grande país e os desafios que ele enfrenta”, assinala o padre Peter Stilwell.

A Universidade de São José foi fundada em 1996 pela Universidade Católica Portuguesa e pela Diocese de Macau com o nome de Instituto Inter-Universitário, adotando a sua designação atual em 2009.

A 22 de setembro, o Vaticano anunciou a assinatura de um “acordo provisório” entre a Santa Sé e Pequim, relativo à nomeação de bispos para as comunidades católicas na China, o primeiro do género assinado entre as duas partes.

As relações diplomáticas entre a China e a Santa Sé terminaram em 1951, após a expulsão de todos os missionários estrangeiros, muitos dos quais se refugiaram em Hong Kong, Macau e Taiwan.

Em 1952, o Papa Pio XII recusou a criação de uma Igreja chinesa, separada da Santa Sé [Associação Patriótica Chinesa, APC] e, em seguida, reconheceu formalmente a independência de Taiwan, onde o núncio apostólico (embaixador da Santa Sé) se estabeleceu depois da expulsão da China.

A APC seria criada em 1957 para evitar “interferências estrangeiras”, em especial da Santa Sé, e para assegurar que os católicos viviam em conformidade com as políticas do Estado, deixando assim na clandestinidade os fiéis que reconhecem a autoridade direta do Papa.

Pequim só reconhecia os bispos nomeados pela APC; os bispos nomeados diretamente pelo Vaticano foram, muitas vezes, perseguidos e presos pelas autoridades.

O acordo entre a Santa Sé e a República Popular da China permitirá regularizar o estatuto da Igreja Católica neste país.

LFS/OC

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Agência ECCLESIA

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