China: Bispo ordenado sem autorização do Papa

Administrador nomeado pelo Vaticano, que tinha sido dado como desaparecido, já foi libertado

Cidade do Vaticano, 06  jul 2012 (Ecclesia) – O governo chinês promoveu hoje a cerimónia de ordenação do bispo de  Harbin, nordeste do país, uma celebração que decorreu sem autorização do Papa e que tinha sido condenada pela Santa Sé.

“A nomeação de bispos não é uma matéria política, mas religiosa”, assinalou a Congregação para a Evangelização dos Povos, numa nota divulgada quarta-feira através da sua agência de notícias, Fides.

O organismo da Santa Sé sublinha que a ordenação de um bispo exige o “mandato papal”, alertando para as “divisões” e “feridas” que estão a ser criadas no seio da comunidade católica na China.

A ordenação episcopal do padre Yue Fusheng, de 48 anos, estava inicialmente prevista para 29 de junho.

O Vaticano revelou ter alertado o candidato de que se arriscava a ser excomungado se a celebração fosse levada por diante.

O comunicado diz ainda que a ordenação contraria “os sinais do diálogo, desejado pela parte chinesa e a Santa Sé, que se está a tentar levar por diante”.

A agência católica AsiaNews noticiou, entretanto, que o administrador apostólico de Harbin, nomeado pelo Papa, foi libertado depois da cerimónia de ordenação episcopal.

O padre Zhao Hongchun era dado como desaparecido há dois dias, após ter sido convocado para uma reunião com membros do secretariado para os assuntos religiosos.

A Associação Patriótica Católica (APC), subordinada a Pequim, volta assim a desafiar o Vaticano numa matéria que a Igreja considera central.

“A nomeação de pastores para uma determinada comunidade religiosa é entendida, também nos documentos internacionais, como um elemento constitutivo do pleno exercício do direito à liberdade religiosa”, assinala o comunicado da Congregação para a Evangelização dos Povos.

A celebração de hoje foi presidida por D. Fang Xinyao, presidente nacional da APC.

A AsiaNews revela que outros quatro bispos reconhecidos pela Santa Sé tomaram parte na ordenação, mas ressalta que “não se sabe se a sua participação foi espontânea ou por obrigação”, como aconteceu noutros casos.

Durante a missa, em vez do mandato papal, foi lida uma carta do Conselho dos Bispos, um organismo governamental que não é aprovado pelo Vaticano.

O Vaticano considera ‘ilegítimos’ os bispos que receberam jurisdição da APC e tem pedido aos prelados nomeados pelo Papa que esclareçam a sua participação em ordenações episcopais que não aprovou.

A APC foi criada em 1957 para evitar interferências estrangeiras, em especial da Santa Sé, e para assegurar que os católicos viviam em conformidade com as políticas do Estado – o que inclui o controlo de Pequim sobre a nomeação de bispos.

OC

Notícia atualizada às 13h00

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