Medidas foram anunciadas após assembleia extraordinária da Conferência Episcopal
Cidade do Vaticano, 07 ago 2018 (Ecclesia) – O Papa escreveu à Conferência Episcopal do Chile, para saudar a aprovação de propostas “realistas e concretas” no combate a casos de abusos sexuais.
Numa carta escrita pelo próprio punho, Francisco mostra-se agradecido pelo “exemplo edificante de comunidade episcopal unida no pastoreio do santo povo fiel de Deus”, após ter “lido com atenção o documento ‘Declaración, Decisiones y Compromisos’ dos bispos chilenos, divulgado a 3 de agosto, após uma assembleia plenária extraordinária do episcopado.
O Papa realça o trabalho de “reflexão, discernimento e decisões” levado a cabo num “esforço comunitário e pastoral”.
A Conferência Episcopal do Chile assumiu, em assembleia extraordinário, erros na gestão de casos de abusos sexuais cometidos por membros do clero ou em instituições católicas, anunciando novas medidas.
“Às vezes não soubemos reagir rapidamente diante dos dolorosos abusos sexuais, de poder e de autoridade, e portanto, pedimos perdão em primeiro lugar às vítimas e aos sobreviventes”, assinalam os bispos católicos.
A declaração foi aprovada no final da Assembleia Plenária extraordinária que decorreu de 30 de julho a 3 de agosto, para tratar do escândalo dos abusos sexuais.
Os responsáveis admitem que nem sempre souberam “ouvir, acreditar, participar ou ajudar as vítimas dos graves pecados e injustiças cometidos por sacerdotes e religiosos”.
Os bispos católicos anunciam medidas, como a total disponibilidade em cooperar com a Procuradoria da República, promovendo a informação transparente das investigações sobre os abusos e a publicação online dos nomes dos sacerdotes que cometeram abusos.
A advogada Ana María Celis Brunet foi nomeada como nova presidente do Conselho Nacional para a prevenção de abusos e o acompanhamento das vítimas – cargo ocupado anteriormente por um bispo – e Pilar Ramírez Rodríguez como diretora-executiva do Departamento para a prevenção de abusos e para a implementação das decisões do Conselho Nacional.
Em abril, o Papa confessou “dor e vergonha” com os casos de abusos sexuais cometidos por membros do clero e religiosos no Chile, tendo convocado os bispos católicos do país para uma reunião no Vaticano, além de receber grupos de vítimas.
Em maio, todos os prelados chilenos apresentaram ao Papa a sua renúncia; Francisco já substituiu cinco responsáveis e escreveu uma carta à comunidade católica do país, na qual se pede o fim de uma “cultura do abuso e do encobrimento”.
A missiva surge na sequência das investigações em curso sobre atos de abusos sexuais, levadas a cabo por D. Charles Scicluna e Mons. Jordi Bertomeu, enviados especiais do Papa.
Os dois responsáveis estiveram no mês de fevereiro em Santiago do Chile e Nova Iorque, para recolher depoimentos.
OC