Açores: Festa do Bom Jesus no Pico apelou a deixar de parte «tudo o que desumaniza»

D. Nuno Almeida advertiu peregrinos para perigos do individualismo e comodismo

Foto: Igreja Açores

Angra do Heroísmo, Açores, 07 ago 2018 (Ecclesia) – As festas em honra do Senhor Bom Jesus Milagroso, na Ilha do Pico, nos Açores, tiveram esta segunda-feira o seu dia mais importante, com Missa no santuário seguida de procissão pelas ruas de São Mateus.

Na homilia da Eucaristia, publicada pelo portal ‘Igreja Açores’, D. Nuno Almeida baseou-se na passagem da Transfiguração de Jesus, festa litúrgica do dia, para desafiar as pessoas a experimentarem a ilha-montanha como os discípulos de Cristo viveram o acontecimento do Monte Tabor, onde se deu “o encontro profundo e transfigurante com o Senhor e os irmãos”.

Que com o gesto de “subir”, todas as pessoas possam “libertar-se de tudo o que as desumaniza”, exortou o bispo-auxiliar de Braga, que preside às celebrações deste ano daquela que é considerada como uma das manifestações religiosas mais importantes do Arquipélago dos Açores.

Buscar mais este humanismo que escapa à sociedade “poderá ser deixar um vício, ou deixar a preguiça. Subir para encontrar silêncio para rezar. Organizar a agenda para a Missa de cada domingo. Desligar o telemóvel para dialogar. Alterar o nosso programa para nos fazermos próximos de um doente ou de uma família a viver o luto”, explicitou o responsável católico, para quem é vital quebrar o “individualismo” que reina atualmente no mundo.

Outro verbo que o prelado destacou, “permanecer”, implica ter e dar tempo para as coisas importantes, para a família, também para a oração.

“É urgente, hoje, colocarmo-nos individualmente, como família ou em pequeno grupo, ao redor e a escutar a Palavra de Deus. Para que esta Palavra ilumine, transfigure a nossa vida, sobretudo, naquelas ocasiões em que parece que não se aguenta mais, que não há solução, que é o fim!”, apontou D. Nuno Almeida.

Por fim, destacou também o gesto de “descer”, que segundo o bispo deve incentivar a quebrar com o “comodismo” e a estar disponível para abraçar sempre uma nova “missão, mesmo que ela tenha custos”.

“É preciso descer; em baixo há caminho ainda por andar; está uma Jerusalém à espera e nela um caminho que leva a outro monte, o Monte Calvário onde se faz a passagem e a transfiguração definitivas”, frisou D. Nuno Almeida, sublinhando que a vida do cristão é uma vida de entrega “sem reservas”.

A edição deste ano da festa em honra do Senhor Bom Jesus Milagroso, que traz sempre à Ilha do Pico milhares de peregrinos, de outros pontos do país e também da diáspora açoriana, tem como tema “Há mais alegria em dar do que em receber” (At 20, 35).

As celebrações, que tiveram direito a tolerância de ponto por parte do Governo Regional, terminam hoje com diversas celebrações no Santuário do Senhor Bom Jesus e com a recolha da imagem ao Coro.

JCP

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