D. Manuel Martins, Presidente da Fundação Spes Ocorre no dia 10 de Maio o Primeiro Centenário de nascimento de D. António Ferreira Gomes. Nasceu em Milhundos, Penafiel; ordenou-se Presbítero em 22 de Setembro de 1928; foi Professor e Vice-Reitor do Seminário de Vilar e Cónego da Sé do Porto. Em 1948, é nomeado Bispo-Coadjutor de Portalegre, tornando-se residencial pouco depois. Em 13 de Julho 1952 é transferido para a Diocese do Porto, da qual esteve exilado de Outubro de 1959 até Junho 1969. Resigna a 2 de Maio de 1982 e morre a 13 de Abril de 1989. Homem profundamente inteligente e culto, sempre foi dominado por uma grande paixão pela Igreja e pela dignidade do Homem e Povo. Foi esta paixão que o tornou incómodo ao Poder, que não descansou enquanto o não pôs fora da Diocese e do País, tendo feito tudo para que lhe fosse retirado o título de Bispo do Porto. Felizmente sem sucesso, até para prestígio da própria Igreja. Criou, por testamento, uma Fundação a que deu o nome de Spes (esperança), a qual, fundamentalmente, tem como objectivo continuar o seu valioso magistério. A Fundação tem promovido várias jornadas sobre o seu pensamento e já publicou 7 obras, numa colecção subordinada ao lema “Mundo, Evangelho, Igreja”. Emérito, D. António publicou uma obra notável de reflexão teológica (por muitos considerada de risco) com o título “Cartas ao Papa”, que agora vai ser também apresentada em italiano e, brevemente, em francês e, espera-se, em inglês. Todos os especialistas na matéria consideram como prejuízo uma certa indiferença perante esta obra. Às vezes até se pretende justificar tal indiferença com o pouco interesse cultural da “nossa” gente. O que pode não ser verdade. Para além das publicações da responsabilidade da Fundação já apareceram na Praça vários especialistas que se interessaram pelo Bispo do Porto e, agora, até uma prestigiada companhia de teatro que leva a cena a vida e o magistério de D. António. Por ocasião deste centenário, acontece um congresso internacional subordinado ao tema “Ser cristão na sociedade aqui e no futuro”, com a intervenção de especialistas nacionais e estrangeiros, com a apresentação de uma cuidada fotobiografia e uma medalha da Casa da Moeda, bem como uma solene concelebração em Milhundos. Está à vista que, com estas comemorações se quer também significar e sublinhar a capacidade que mantém este Homem da Igreja para nos ajudar a compreender este tempo, apanhar as forças profundas que o conduzem, acertar nos caminhos que façam a sua melhor história. O Presidente da Fundação Spes, D. Manuel Martins