Causas e profecia

Ler «Além-Mar» é participar na Missão e saber mais sobre a outra metade do Mundo A revista Além-Mar nasceu em Janeiro de 1956. O primeiro número era pequeno – em formato e em páginas –, despretensioso, modesto até. Uma revista dos Combonianos e sobre os Combonianos. Entretanto, cresceu em formato e número de páginas. Manteve, como é óbvio, a perspectiva, que foi evoluindo em consonância com os tempos e as aceleradas mudanças que se foram registando. No editorial de Maio de 1965, lê-se. «Como órgão de expressão missionária, no desejo único de melhor servir Cristo e a Igreja, quer tomar um lugar bem determinado no “Diálogo” entre a Igreja e o Mundo». Na altura colocava-se a tónica no compromisso com a África, que orientou a vida e a acção de S. Daniel Comboni. Mas não se ficou por aqui. Os Missionários Combonianos, inicialmente nascidos para a África Central, foram alargando o horizonte de evangelização a outras partes do continente africano, das Américas e, finalmente, à Ásia, com uma presença nas Filipinas, Macau e Taiwan. A Além-Mar acompanhou a abertura do instituto à geografia universal e também aos «novos âmbitos da missão» – definidos pelo Papa João Paulo II na encíclica missionária «Redemptoris Missio» –, próprios de um mundo marcado por fenómenos sociais novos (grandes metrópoles, uma juventude que enfrenta inúmeros desafios, intensos fluxos migratórios, crescentes manchas de pobreza) e novas áreas de intervenção cultural e social: comunicação social, empenhamento pela paz, desenvolvimento e libertação dos povos, promoção da mulher e da criança, ecologia, cultura, política, relações internacionais e economia. Sempre «dirigindo a atenção para sul e oriente», acompanhando a visão missionária do Papa que veio do Leste. Aos 50 anos, a Além-Mar não se quer aposentar nem viver à sombra do nome feito. Antes, continua a renovar-se como revista de causas e de profecia, no aprofundamento da perspectiva missionária sobre as realidades da globalização e da Igreja. Sente-se obrigada pelo mandato missionário que exerce a dar a voz e a vez aos povos e às questões que não «cabem» na comunicação social institucionalizada, ao mesmo tempo que se define como instrumento privilegiado de animação missionária da Igreja, em Portugal e nos países de expressão portuguesa onde é lida. Para tal, empenhou-se na renovação do seu projecto gráfico e da sua edição electrónica (www.alem-mar.org), na profissionalização e modernização da redacção e na cobertura que faz dos acontecimentos e temas. Pretende também aprofundar a colaboração em rede com outros títulos combonianos publicados na Europa, Américas, África e Ásia para alargar o seu âmbito através de um jornalismo de proximidade em que os povos do Sul sejam também os autores das próprias histórias, a voz que narra os factos e as situações, protagoniza os debates que escapam à atenção dos média estabelecidos porque considerados irrelevantes ou por colidirem com os interesses de grupos económicos, culturais ou políticos que os sustentam. Por outro lado, como revista profética, Além-Mar não pode limitar-se a denunciar as situações de pecado dos dias de hoje. Tem que anunciar os sinais de graça que surgem por todo o mundo e que, como todas as sementes, são indícios modestos da potencialidade tremenda do Reino de Deus a despontar no coração da história. A Além-Mar continuará a dar a conhecer aos leitores os problemas mundiais (sociais, eclesiais, económicos e políticos), especialmente os dos países menos desenvolvidos, a informar sobre o trabalho dos missionários portugueses espalhados pelo mundo e a alimentar a sua vocação histórica, universalista e solidária. Para os leitores de além-fronteiras, é um veículo de notícias e iniciativas desenvolvidas em Portugal, fomentando a preservação e o desenvolvimento da língua e da cultura portuguesas no seu encontro com outras culturas. Deste modo, a revista é também um elo com todos os missionários, emigrantes e comunidades portuguesas e um instrumento de cooperação e aproximação entre Portugal, os países lusófonos e o resto do mundo. José Vieira, Director da «Além-Mar»

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