Catequese está em «fase de viragem»

Segundo o Pe. Paulo Malícia, a comunidade paroquial deve acompanhar esta exigencia e «perceber que é também formadora» Não bastam novos catecismos ou catequistas dotados de maturidade humana e cristã. É preciso criar uma mentalidade de que toda a comunidade paroquial está a catequizar as crianças e os adolescentes. A advertência parte do Pe. Paulo Malícia, responsável pelo Departamento de Catequese do Patriarcado de Lisboa, que acredita que a catequese “enfrenta uma fase de viragem”, não pela publicação dos novos catecismos, mas porque “percebemos que é preciso um caminho novo na iniciação cristã”, afirma à Agência ECCLESIA. A necessidade de investir na formação cristã tem sido uma reflexão que a Igreja tem desenvolvido. Na visita Ad limina, que os Bispos portugueses tiveram em Novembro passado, esta mesma advertência foi sublinhada por Bento XVI. O responsável pelo Departamento de Catequese do Patriarcado de Lisboa acredita que as dioceses estão unidas nesta vontade, e a catequese “vai dar um passo em frente”. No entanto esta viragem precisa de toda a Igreja, pois “toda ela tem de perceber que é responsável pela iniciação cristã”. A catequese é importante neste caminho cristão, “mas é uma parte”, pois o caminho é “muito mais vasto”, explica evidenciando a família, a escola, comunidade como factores construtivos da formação cristã. “Não basta uma hora por semana para fazer a iniciação cristã de uma criança, é preciso mais”. A responsabilidade da comunidade paroquial foi um tema em análise no encontro interdiocesano de catequistas. Um encontro com 35 anos de história que põe em contacto catequistas das cinco dioceses da zona centro: Lisboa, Portalegre – Castelo Branco, Leiria-Fátima, Santarém e Setúbal. Os adolescentes “fogem da catequese porque, mesmo tendo um catequista muito bom, não têm uma comunidade que os acolha e que os catequize”, enfatiza o sacerdote. Não basta o catequista, “é preciso saber ser comunidade” e dar espaço porque “o adolescente aprende fazendo”. O Pe. Paulo Malícia evidencia que reduzir a catequese a uma mera aula, não insere o adolescente na comunidade nem o faz sentir construtor da mesma. “É preciso uma mentalidade que mude a perspectiva da catequese de «uma vez por semana durante uma hora»”. Quem catequiza é a comunidade, sublinha o responsável pela catequese na diocese de Lisboa. O sector da catequese “não pode ser um sector à parte”, explica, evidenciando o quanto é perigoso “formar grupos compartimentados”. Sem querer, “divide-se a paróquia e a catequese, porque funciona por si, acaba excluída das actividades da paróquia”, evidencia. A adolescência estive em destaque no encontro, que contou com a ajua de Cristina Sá de Carvalho (da UCP de Lisboa), que ajudou na reflexão sobre os comportamentos religiosos dos adolescentes. Com esta análise pretendia-se dar uma visão do adolescente sem, no entanto, cair nas características psicológicas. O objectivo era abordar os comportamentos face à religião. Aproveitando a publicação dos novos catecismos da para a faixa dos adolescentes, os participantes no encontro puderam contactar com os novos manuais. Sem fazer balanços, pois “é cedo para avaliações dos catecismos”, o Pe. Paulo Malícia faz uma análise positiva dos novos manuais tanto por parte dos catequistas como dos catequizandos. Os novos manuais são mais “exigentes para os catequistas, são um apelo à criatividade e ao empenho”, elucida. Mas adverte que “não se pode tornar a catequese num conjunto de actividades e perder o seu lado sistemático”. Com novas ferramentas e novos desafios à formação cristã, o Pe. Paulo Malícia acrescenta que se deve apostar na maturidade humana e cristã dos catequistas. “Pessoas bem formadas e gente de fé e de Igreja”, explica sem cair na situação de “vermos adolescentes a dar catequese a adolescentes”. Essencial “é uma comunidade que catequize e uma igreja missionária”.

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