Catástrofe humanitária no Congo denunciada pela Igreja

A situação no nordeste da República Democrática do Congo é “uma catástrofe humanitária”, consequência da guerra contra a população civil. A denúnica é feita pela agência missionária Fides, do Vaticano. Citando fontes católicas presentes em Bunia, capital de Ituri, a Fides refere que pelo menos 80 mil pessoas foram obrigadas a fugir perante a perseguição de grupos armados, que matam e saqueiam nas aldeias da região. “Os civis são o alvo dessas acções. Não existem verdadeiros confrontos armados entre facções opostas, mas são os grupos de guerrilha que atacam os civis”, dizem as fontes citadas sob anonimato, por motivos de segurança. A conferência episcopal local já pediu, por mais de uma vez, que a comunidade internacional aprove uma nova missão da União Europeia no Congo, no estilo da missão “Artemis”, realizada em Ituri no ano de 2003. Desde 1999, a região de Ituri foi palco de um conflito que devastou o Congo. A província é rica em recursos minerais e, em particular, em ouro e diamantes. Por esse motivo, em Bunia, ocorrem regularmente duros conflitos entre grupos armados locais, sustentados elos vizinhos Uganda e Ruanda, principais beneficiários da exploração das matérias-primas congolesas. No verão passado conflitos entre milícias rivais, que dilaceraram a região, provocaram oito mil mortos e 600 mil deslocados. Segundo a Fides, grupos armados Lendu estão agora a atacar aldeias habitadas por Hema. Os Hema são pastores, enquanto os Lendu se dedicam à agricultura, e há anos lutam pela posse das terras. “Os refugiados necessitam de tudo, em especial de alimento e assistência sanitária”, afirmam as fontes da Fides. A Caritas está a recolher ajudas para serem enviadas aos campos de refugiados, montados nas proximidades das bases da MONUC, a força de paz das Nações Unidas no Congo. “O real problema da população de Ituri é a falta de segurança: apenas onde estão presentes os capacetes azuis existe uma relativa segurança. Infelizmente, vastas zonas de Ituri estão fora do controlo, seja das tropas das Nações Unidas seja das autoridades congolesas.”, relata a Fides. “Sentimo-nos abandonados por todos”, conclui o relato.

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