Carta Pastoral do Bispo de Viseu sobre o Sínodo Diocesano

Iniciamos, neste Ano Pastoral, uma aposta de grande alcance que tem em vista a renovação da nossa Igreja Diocesana de Viseu. Coloco esta iniciativa nas mãos de Deus – Pai, Filho e Espírito Santo – pedindo para ela a protecção de Maria, Mãe da Igreja e nossa Mãe. Ao mesmo tempo, suplico a Sabedoria, a Fortaleza e todos os dons do Espírito Santo, para mim e todo o presbitério, para todos os leigos e para todos os religiosos, membros dos Institutos Seculares e outros consagrados na nossa Diocese. Todos somos Igreja e, por isso, todos somos indispensáveis para a renovação desta Igreja que amamos, abrindo-nos à Igreja que queremos ser – capaz de revelar o Evangelho e de anunciar Jesus Cristo a todos os nossos contemporâneos. Em comunhão com o Santo Padre e com a Igreja de Roma e com todas as dioceses de Portugal, queremos a Igreja de Viseu pronta a estimular e a receber a participação de todos, na comunhão de vida e de fé e em corresponsabilidade de acção e de missão. Queremos que a nossa Igreja de Viseu seja presença de luz e de sentido para todos, nos caminhos do nosso tempo. Tempo que está cheio de desafios, de oportunidades e, também, de incertezas e de tensões que queremos acompanhar e iluminar, com um testemunho de vida que provoque o diálogo e convide ao encontro e à comunhão.  

Peço a todos os grupos de corresponsabilidade – já constituídos nas comunidades paroquiais e nos arciprestados ou em formação – que se sintam motivados para esta acção e felizes por serem Igreja, neste tempo. Assim, peço que se sintam chamados a dar o seu contributo para que a Igreja seja mais bela e se torne, cada vez mais, parceira no diálogo cultural e social e cooperante activa na construção de um mundo melhor.

Sabemos que esta nossa Igreja é santa e que chama a todos à santidade, ainda que tenhamos consciência das nossas debilidades. Não ficamos contentes com os defeitos que, com a nossa acção ou omissão, lhe colocamos – todos nós. Porém, sabemos também que, apesar da nossa condição de pecadores, somos aceites por Deus e é assim que Deus conta connosco, ainda que nos peça e conte com a vontade, o esforço e a alegria de procurarmos e conseguirmos ser cada vez melhores.

O Sínodo é uma experiência de caminho, de reflexão, de avaliação, de renovação, de planeamento e de programação, em forma comunitária e com a participação de todos, para passarmos um limiar onde Deus nos chama e onde queremos estar com todos os que Deus chama à salvação. Quer ser uma acção e um tempo do Espírito, em discernimento permanente, com atenção aos sinais dos tempos e com docilidade à graça do Senhor.

Durante estes 5 anos, iremos percorrer este caminho juntos, feito com momentos de muita luz e, possivelmente, de algumas sombras, numa Diocese onde tantos dos nossos foram dando tudo e já estão no Reino da glória de Deus e onde, tantas e tantos continuam a sua peregrinação, certos da presença de Jesus que está e vai connosco até ao fim dos tempos (cf Mt 28, 20). Neste caminho, continua a marcar-nos a feliz iniciativa do concílio Vaticano II e tantos outros acontecimentos, momentos e sinais que continuam a dar-nos luz e a indicar o rumo a seguir e a sugerir o ritmo a imprimir, depois de passados quase 50 anos.

Queremos partir desse acontecimento conciliar e ler e amar o tempo presente à luz das principais linhas que aí nos foram dadas e que precisamos de redescobrir na sua actualidade, enriquecidas por uma história que tem, também, a mão e a participação do nosso Deus e do Seu Espírito Santo. Celebrar o jubileu destes 50 anos significará ler os sinais dos nossos tempos e questionar-nos sobre o sentido das mudanças que vão acontecendo todos os dias e das interpelações que o mundo, a sociedade e a Igreja nos estão a fazer hoje.

A metodologia deverá ser a participativa, sempre aberta, prospectiva e inclusiva, isto é, pedindo a participação de todos e acolhendo sempre sugestões, perguntas e reflexões que venham, mesmo de quem não se sinta “parte” dos cristãos e membro da comunidade paroquial e diocesana.

Os elementos dos grupos de corresponsabilidade – de cada paróquia e de cada arciprestado – devem sentir-se promotores da constituição dos grupos de reflexão e de trabalho e, ao mesmo tempo, moderadores e catalizadores da participação de todos. O ideal a procurar atingir, com o esforço de todos – leigos, sacerdotes, religiosos e outros consagrados, movimentos, associações e obras e outros grupos – é chamar e entusiasmar a todos, para que, ao longo de todo o percurso, outros venham inserir-se, seja em que etapa for. No fim do período de trabalho sinodal, todos nos conheceremos melhor, todos estaremos mais próximos, todos nos sentiremos chamados a ser parte da comunidade e a viver em comunhão e todos nos sentiremos enviados, como discípulos em missão. Então, sentiremos a vontade de continuar a fazer caminho juntos e viveremos a alegria de caminhar sinodalmente, como membros desta Igreja que, no mundo, quer continuar a missão de anunciar a verdade de Jesus Cristo e o Seu projecto de salvação.

 

1. Lema do Sínodo Diocesano: Em Comunhão para a Missão.

2. Tema para os anos 2010-2013 (anos de preparação do Sínodo):

– Sentir, ver e questionar: Que Igreja somos? Em que mundo estamos? Que desafios e prioridades?

3. Objectivos:

– Sensibilização (o que é um Sínodo); procurar o paradigma da Igreja que queremos e devemos ser; testemunho da Igreja que somos numa Sociedade em mudança.

– Atenção às mudanças fundamentais dos últimos 50 anos e às suas consequências na cultura, na tecnologia, na religião, na Igreja, nas relações sociais, na família, na juventude, no trabalho, nos comportamentos…

– Análise das mudanças verificadas no mundo, na diocese e na paróquia. Ao mesmo tempo, apontar os maiores desafios aos cristãos e as prioridades para a hora da acção e da formação.

4. Acções fundamentais no Ano Pastoral 2010-2011:

– 10 Outubro/2010: Assembleia Diocesana para apresentação do Sínodo e dos 3 anos de preparação. Destinatários: sacerdotes; grupos de corresponsabilidade das Paróquias e dos Arciprestados; representantes dos Institutos Religiosos e Seculares; outros.

– 26 Junho / 2011: Dia da Diocese e encerramento do Ano Pastoral.

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