Carnaval: Entre a máscara, o escondimento e a perda de identidade, pandemia mudou paradigmas (c/vídeo)

Padre Nélio Pita, psicólogo, sublinha marcas que a Covid-19 vai deixar na sociedade

Lisboa, 15 fev 2021 (Ecclesia) – O padre Nélio Pita, religioso vicentino e psicólogo, disse à Agência Ecclesia que a pandemia vai “deixar marcas” nas formas de relacionamento, com rostos escondidos pelas máscaras.

“Aprendemos a decifrar a linguagem do olhar”, refere, em entrevista emitida hoje na RTP2.

Na segunda-feira de um Carnaval sem desfiles nem máscaras – a não ser as que procuram travar a propagação da Covid-19 – o convidado assinala que uma máscara pode ajudar a “amplificar as emoções”.

“Tem a dupla vertente de esconder o que somos e revelar a dimensão que queremos transmitir”, sublinhou o provincial dos Vicentinos em Portugal.

O sacerdote e psicólogo realça que muitas vezes as máscaras são utilizadas “para sufocar e calar a criança” que há em cada um, pelo que o Carnaval surge como uma “oportunidade para tirar essa máscara, libertar a criança e dar vida a outras dimensões escondidas”.

A “confusão carnavalesca, uma espécie de caos organizado”, pretende também desmascarar aqueles que a sociedade entende como poderosos, pelo que nesta época são visíveis “imitações grotescas” de personalidades públicas.

A máscara é usada porque a “verdade é perturbadora”, acrescenta o padre Nélio Pita.

O religioso assinala que a pandemia ajudou, por outro lado, a fazer “cair máscaras.

“Não somos super-homens, mas seres frágeis”, aponta.

A entrevista abordou ainda a resistência de alguns à utilização da máscara, no contexto do combate à pandemia.

“Isso aparece como um limite e algo que condiciona a liberdade das pessoas”, disse o provincial da Congregação da Missão (Vicentinos).

O responsável admite que a máscara criou uma “barreira entre o eu e o tu”, mas destaca que está em causa o bem comum, pelo qual são tomadas estas medidas.

HM/LFS/OC

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