Anabela Borba, presidente da Cáritas diocesana, alerta para «aumento significativo» dos pedidos de ajuda, nos primeiros meses de 2023
Angra do Heroísmo, Açores, 13 mar 2023 (Ecclesia) – O bispo de Angra alertou este domingo para a importância “da solidariedade de todos”, falando no Dia Nacional Cáritas, para responder a “situações muito desesperadas”.
“No presente, os principais desafios que se colocam são novos e estão sempre a evoluir: o aumento do custo de vida, o aumento das prestações bancárias, os baixos salários, são desafios que ainda não têm tradução nas estatísticas, mas já são vividos por muito que procuram a Cáritas”, disse D. Armando Esteves, na Missa a que presidiu na igreja de São José, em Ponta Delgada, informa o portal diocesano ‘Igreja Açores’.
O bispo de Angra sustentou que “o apoio coletivo para a erradicação da pobreza é um desígnio” que ainda se está longe de alcançar.
“Sem os bens essenciais à vida tudo parece perder sentido: o amor tem de nos levar a tudo o que é preciso, mesmo que os caminhos sejam sinuosos”, assinalou, depois de ter visitado o Centro da Cáritas na ilha de São Miguel.
A Semana Nacional Cáritas 2023, que mobilizou a Igreja Católica em Portugal de 5 a 12 de março, teve como tema ‘O amor que transforma’ e, por todo o país, realizam-se atividades de reflexão sobre ação social, atividades de animação pastoral e também iniciativas de angariação de fundos.
“O aumento custo de vida e a sucessiva sobreposição de crises sociais, e de guerras, desafiam a nossa capacidade de resposta, mas confiamos no nosso trabalho esforçado”, acrescentou D. Armando Esteves, agradecendo “a generosidade de tantas mãos caridosas que se estendem”.
Para o bispo diocesano, “o amor é sempre o primeiro cuidado” e, aos voluntários dos diferentes núcleos da Cáritas da ilha de São Miguel e da Cáritas Diocesana, “presentes em cada lugar aonde as pessoas vão”, disse que vê “e gostaria que todos vissem, um sinal de Deus”, uma mão amiga, “uma mão capaz de transformar a escassez de meios em abundância de amor”.
“Estamos empenhados em dar esperança, promover a proximidade para que todos se sintam vivos e unidos…Esta é uma nova missão e é a nossa identidade, que não nos deixa desistir mesmo quando há dificuldades”, realçou.
 O sítio online ‘Igreja Açores’ refere que, no arquipélago, os níveis de pobreza são superiores aos nacionais e aos europeus, e, segundo a presidente pela Cáritas Diocesana, “todos os dados apontam para um aumento de pobreza”. “São mais de três mil famílias que são apoiadas pela Cáritas, e no início deste ano, tivemos um aumento muito significativo do número de pedidos de ajuda, sobretudo de pessoas que já não conseguem comprar alimentos e pagar os empréstimos bancários”, disse Anabela Borba, ao programa de rádio Igreja Açores emitido este domingo. Segundo esta responsável, “muitas pessoas” que começaram a procurar a instituição socio-caritativa da Igreja Católica em Portugal, “trabalham, têm salários baixos e precisam de mais alguma coisa”. Temo que a situação se comece a agudizar este ano e no próximo: as taxas de juro continuam muito altas e ainda não há sinal de que a situação possa inverter-se; a inflação é muito alta. Dentro dos próximos dois anos antecipamos muitas dificuldades: para quem não tem emprego será dramático, para quem tem baixos rendimentos não será suficiente”. |
Ao longo desta semana, a Cáritas Portuguesa promoveu o peditório anual que, em algumas ilhas do Arquipélago dos Açores, “é feito a partir da recolha de géneros alimentícios”
“O peditório é sempre uma das grandes fontes de financiamento, mas percebemos que o que recolhemos não será suficiente para respondermos a todas as necessidades; Temos de levar os nossos recursos ao limite; este é o tempo em que temos de nos mobilizar e mobilizar os fundos que estão nas gavetas, porque estamos com muitas dificuldades”, destaca Anabela Borba.
CB/OC