Numa sociedade fragmentada como a nossa, é necessário criar e potenciar canais que regenerem o tecido nacional e regional onde nos situamos. Cada vez mais, são necessários canais de informação e de formação que promovam, facilitem e divulguem o intercâmbio de experiências a nível do trabalho em Rede, em Parceria. As Redes promovem a solidariedade social entre os que se associam e tornam visível o desenvolvimento de Projectos, acções, programas que criam sustentabilidade e dignificam os destinatários e as organizações que souberam entre si dar as mãos. Em muitos Países e em muitas situações são as redes constituídas entre as organizações da sociedade civil e não só, que se empenham na promoção e dignificação dos mais pobres e excluídos. Chegam onde não chega o Estado para ajudar, para defender os direitos, para lutar contra a marginalidade, para educar, para consciencializar e para dar. Permitem, só por si, a criação e a expansão de uma nova forma de intervenção social e suscitam o verdadeiro desenvolvimento local. A Caritas é uma Rede, a nível mundial, uma rede organizada que como todos sabemos e conhecemos tem o seu plano estratégico a nível mundial, a nível nacional e local. A Rede Caritas é a expressão por excelência da afirmação da dignidade humana, a necessidade de se organizar para tornar mais eficaz o seu compromisso com a experiência de um trabalho conjunto e cada vez mais integrado. Torna-nos mais coerentes com o que somos e desejamos ser, expressão do Amor de Deus junto de todos e cada um em particular. À luz do magistério da Igreja e em particular, dos documentos: Laborem Exercens, Sollicitudo Rei Socialis, Centesimus annus de João Paulo II e da Deus Caritas Est,de Bento XVI é mais que evidente o relevo que se dá em todos eles à virtude cristã da solidariedade. A Solidariedade não é só uma possibilidade para o ser humano, um valor opcional, mas representa a Vontade de Deus sobre ele; ser humano significa reconhecer a sociabilidade como componente inseparável da sua própria natureza e ver nela o “rosto” de Deus. Deus colocou nas nossas mãos, nas mãos de toda a humanidade, a capacidade de ela própria desenvolver todas as suas capacidades, para que aconteça e se realize o Bem, a Justiça, a Paz, a Caridade. Somos todos responsáveis pelo presente e futuro da humanidade, como e enquanto crentes, somos “um em Cristo Jesus”, e por isso todos somos chamados, enquanto agentes Caritas a desenvolver, a tornar visível, através das nossas acções, dos nossos projectos, a espiritualidade da solidariedade. O Projecto Formar em rede que hoje termina, com tudo o que trouxe e nos fez reflectir é expressão por excelência de tudo isto. Um querer comum, uma Vontade comum, um trabalho em parceria que nos trouxe confirmações, desafios, desejos de mudança para melhor servirmos as nossas Comunidades. Este Projecto, que assumimos como Rede Caritas, deu-nos a possibilidade de conhecer e tornar mais explícitos alguns constrangimentos, com que nos confrontamos no nosso quotidiano, mas também permitiu realçar as oportunidades de desenvolvimento existentes e a capacidade de as aproveitarmos e de as sabermos gerir. Neste momento mais do que detectar deficiências ou insuficiências, identificar carências e discrepâncias ou, ainda, resistências à mudança, estamos mais interessados em conhecer e em dar a conhecer “boas práticas”, reconhecer que temos capacidade para inovar que estamos atentos aos sinais dos tempos e às necessidades emergentes, solícitos a responder e preocupados com a qualidade de serviços que prestamos, facilitar a emergência de projectos viáveis quer a nível local, quer nacional, apoiá-los e contribuir para a sua concretização. A Caritas é, tem de ser, uma organização provida de sensores sintonizados com os sinais do meio envolvente, em sintonia permanente com os mais pobres excluídos, por forma que as acções e projectos que implemente legitimem a sua existência e sustentem uma decisão coerente e competente com os Valores que anuncia e os “males” que denuncia. A nossa missão é substancialmente ser Profecia. Chegados aqui coloca-se a questão: e a partir daqui? Cada Caritas Diocesana atenta à realidade local em que se encontra deve em conjunto com outros (as) definir o seu plano de formação e intervenção social e comunitário, mas não devemos perder a visão de conjunto. Somos uma Rede Caritas de âmbito Nacional. Que desafios se nos colocam para que esta experiência não seja, não tenha sido, mais uma entre muitas, mas a partir dela, com o compromisso e empenho de todos, consolidando o que somos a nível nacional, expressão viva da Caridade, Caritas Portuguesa, que tem como Missão estar ao serviço das Caritas Diocesanas e para elas. O que querem de nós, neste âmbito as Caritas Diocesanas? O que podemos desenvolver cada vez mais em conjunto partilhando recursos, informação, conhecimento…. No Plano de Acção para 2008, no ponto 4 diz-se: “ O amor ao próximo, radicado no amor de Deus, é um dever (…) para a comunidade eclesial inteira (…). Consequência disto é que o amor tem necessidade de organização, enquanto pressuposto para um serviço comunitário ordenado. Agindo assim, exprimiremos o Amor de Deus por todos os Homens. Hoje, aqui, é este o desafio que se nos coloca: a partir daqui como nos organizaremos face ao QREN, a nível de cada Diocese a nível Nacional?