Caritas em parceria para recuperar o Haiti

Um ano depois do terramoto «pouco se notam os efeitos das ajudas», afirma o presidente da instituição católica em Portugal

Lisboa, 10 Fev (Ecclesia) – A Caritas Portuguesa vai estabelecer um conjunto de parcerias com instituições internacionais de solidariedade social a operarem no Haiti, de forma a acelerar o processo de ajuda às populações afectadas pelo terramoto.

A revelação foi feita pelo presidente Eugénio da Fonseca, que esteve de visita na última semana àquele país caribenho, para “verificar as condições em que estão a funcionar os investimentos que a Caritas tem vindo a fazer”, no âmbito da ajuda às vítimas.

“Na resposta que me foi dada pelo presidente da Caritas do Haiti, ele disse-me que pouco se notam os efeitos das ajudas, porque o povo já vivia numa situação de grande carência, e tem sido muito lenta a recuperação” disse o responsável português, em declarações à Agência ECCLESIA, após o seu regresso.

A campanha pública «Caritas Ajuda Haiti», que decorreu entre 13 de Janeiro e 24 de Março de 2010, contabilizou donativos no valor de 1,41 milhões de euros.

Mais de um ano depois da catástrofe natural que vitimou cerca de 200 mil pessoas, feriu outras 300 mil e deixou cerca de um milhão e quinhentos mil desalojados, um dos principais obstáculos à revitalização do Haiti tem residido na indefinição política no país.

Eugénio da Fonseca lamenta “não haver uma presença efectiva, actuante e coordenadora, por parte do Estado”.

Por outro lado, as debilidades estruturais fazem com que as ajudas demorem muito mais tempo a chegar a quem precisa.

“As condições de transporte são muito más, a disponibilidade dos materiais também não é a mais adequada”, aponta o mesmo responsável.

O cenário de destruição continua a ser evidente, situação que se agravou desde que um surto de cólera se espalhou pelo país e que já ceifou a vida a mais de 3600 pessoas, afectando ainda outras 200 mil.

“De acordo com as informações que recolhi, a cólera vai ser um problema a enfrentar ainda durante os próximos dois anos” avisa o presidente da Caritas Portuguesa.

Depois de reunir com diversas organizações de solidariedade social a actuarem no terreno, Eugénio da Fonseca definiu um plano de acção que vai contemplar sobretudo quatro medidas, na zona da capital Port-au-Prince.

Na área da saúde, colaborar na construção de um centro de combate à cólera e na criação de pequenas unidades de saúde; em termos de infra-estruturas, ajudar na construção de casas, sobretudo na diocese de Jacmel; finalmente, acompanhar mais de perto as populações, ao nível psico-social.

“Encontrei as pessoas ainda muito cheias de medo, sempre na angústia de se repetir o mesmo fenómeno, e gente que ainda não curou as feridas daquilo que viveu, da perda dos seus familiares, e gente que ficou amputada e que é preciso ajudar” descreve o líder da Caritas Portuguesa.

A fim de agilizar a chegada das ajudas, vão ser estabelecidas parcerias com entidades que já se encontrem no Haiti, procurando que o dinheiro disponibilizado pelos portugueses não se esgote com encargos de prestação de serviços, já que “a Caritas não tem ninguém a representá-la directamente” no país.

O principal elo de ligação da Caritas será o representante da «Catholic Relief Service», congénere dos EUA, que se encontra a operar em Port-au-Prince e que, inclusivamente, está já “comprometida com a reconstrução do hospital da cidade”, indicou Eugénio Fonseca.

Outro ponto de ligação será a organização espanhola CESAL, instituição de cooperação para o desenvolvimento, presente no Haiti desde 2007.

JCP

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