D. Paride Taban, herói escondido, luta há décadas pela paz e a justiça no seu país A Cáritas suíça concedeu prémio “Cáritas 2005” ao Bispo sudanês D. Paride Taban, um reconhecimento às décadas de luta pela paz e a justiça no seu país. O prelado, de 69 anos, guiou duramente muitos anos a diocese de Torit, no sul do Sudão, com 400 mil católicos. “Mesmo nos momentos mais difíceis, durante a segunda guerra civil de 1983 a 2005, ele nunca abandoou a diocese”, refere um comunicado da Cáritas. D. Paride Taban já esteve na prisão, sobreviveu a bombardeamentos, passou por ataques militares e foi mesmo vítima de um atentado. Na entrega do prémio, os responsáveis suíços destacaram que o Bispo “reivindicou, para as populações que sofrem, o direito à alimentação, à habitação e à educação”. “Bateu-se, sem cessar, pela defesa da população civil e impôs-se como porta-voz dos que não tinham palavra. Apesar disso, no seu país, conheceu sobretudo os conflitos e a perseguição”, explica o organismo católico. D. Paride Taban, na sua mensagem de agradecimento, frisou que tinha vivido a guerra civil durante 50 anos da sua vida e que agora, com os acordos de paz, “o Sudão entra numa nova fase da sua vida”. O prémio monetário servirá para apoiar a “cidade da paz” de D. Paride Taban, na qual 80 famílias de diferentes origens étnicas vivem em conjunto, cultivando a terra. Uma escola para 170 crianças está em preparação. Os mais de 21 anos de conflito na segunda guerra civil do Sudão deixaram mais de 2 milhões de mortos e 6 milhões de pessoas foram forçadas a deixar os seus lares. Milhares de mulheres e crianças foram raptadas e/ou violadas, com centenas de aldeias destruídas e familiares ainda desaparecidos.