Cardeal-Patriarca apela à celebração dos mártires do Brasil

O Cardeal-Patriarca enviou uma carta aos párocos da Cidade de Lisboa a respeito da celebração da memória litúrgica do Beato Inácio de Azevedo e companheiros mártires, que tem lugar esta Quinta-feira, dia 17 de Julho. Na missiva, D. José Policarpo recorda que “está em curso a intensificação do processo de canonização destes mártires missionários, que, idos de Lisboa, foram martirizados a caminho do Brasil, destino do seu envio missionário”. Um deles, o Beato João Fernandes, era natural de Lisboa. O Patriarca recorda que “o Pe. João Caniço, SJ, Vice-Postulador da Causa, tem vindo a sugerir o suscitar do interesse da nossa Cidade por este Mártir de Lisboa, tornando-o conhecido, porventura pondo-o em relevo naquela memória litúrgica, despertando a veneração dos fiéis que podem encontrar nele um intercessor celeste”. Nota histórica No próximo dia 17 de Julho, celebra a Igreja a Festa do Beato Inácio de Azevedo e seus 39 Companheiros Mártires, conhecidos como os “Mártires do Brasil”, por terem sido martirizados a caminho da terra que iam evangelizar, no ano de 1570. Entre essas quatro dezenas de mártires, encontrava-se o Beato João Fernandes, um jovem de 19 anos, natural de Lisboa. A evangelização do Brasil tinha começado logo após a sua descoberta (1500). A Ordem Religiosa dos Jesuítas, fundada em 1540, enviou para lá alguns dos seus primeiros missionários. Decorridos alguns anos, para ajudar na escolha do melhor caminho a seguir, foi enviado de Lisboa o Padre Inácio de Azevedo, homem activo, empreendedor e muito experiente como reitor dos primeiros colégios de jesuítas em Lisboa, Coimbra e Braga. Inácio de Azevedo Do Brasil, foi enviado a Roma, em 1565, como Procurador das Missões da Índia e do Brasil. Ali recebeu grande apoio do Papa Pio V e do Superior Geral da Companhia de Jesus, São Francisco de Borja. Este, impressionado pelas palavras e carisma de Inácio de Azevedo e consciente da urgência de enviar mais pessoas para o Brasil, escreveu aos Superiores de Espanha e Portugal para que lhe facultassem a recolha quer de recursos materiais. quer de missionários. João Fernandes ouviu o apelo do Padre Inácio de Azevedo e ofereceu-se para o acompanhar no sonho missionário. Era muito importante aumentar o número de catequistas. E foi assim que ele veio a integrar o grupo de jovens que Inácio de Azevedo reuniu na Quinta de Val’ do Rosal (Charneca de Caparica), a Sul do Tejo. Durante seis meses, quase 80 jovens se prepararam ali, para a viagem e para a missão futura, participando, estudando, discutindo, apreciando e ouvindo testemunhos sobre os novos povos e os novos mundos a quem se propunham levar o nome de Jesus. Mantinham-se inspirados por Inácio de Azevedo, que os orientava para a ascese e para o zelo da vida missionária. Partida em Missão A 5 de Junho de 1570, João Fernandes parte do Tejo, com Inácio de Azevedo e mais 73 jovens, rumo à Ilha da Madeira, repartidos por três naus. No Funchal, a primeira etapa da viagem, ficaram alojados na Quinta do Pico do Cardo. A 30 de Junho, pressentindo o perigo que iriam correr, dada a aproximação de corsários, Inácio de Azevedo convocou a comitiva antes do embarque. “Queria apenas voluntários da morte por Cristo”. Alguns hesitaram e não quiseram seguir, sendo logo substituídos por outros. E chegaram rapidamente às Canárias, onde permaneceram cinco dias. O martírio Retomando o caminho do Brasil, deixaram Tazacorte, a 15 de Julho de 1570. Logo de seguida, são rodeados por uma frota de cinco navios de piratas huguenotes (protestantes), comandados pelo temido Jacques Sória. Perante a insuficiência de soldados para defender a nau, o comandante pediu voluntários a Azevedo. Contudo, a sua condição de religiosos consagrados não lhes permitia pegar em armas e atentar contra a vida. Porém, sempre que havia feridos, assistiam-nos, animavam os combatentes e rezavam sempre. Estando já a nau ocupada pelos calvinistas, e, apercebendo-se eles que se tratava de católicos e missionários, investiram com as armas contra todos aqueles jovens, que foram maltratados, feridos e lançados ao mar, alguns deles ainda com vida. João Caniço, sj

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