Cardeal Hummes encontra imigrantes brasileiros em Roma

Concentraram-se na Praça Navona, uma das praças mais famosas de Roma, trabalhadores brasileiros – muitas mulheres, muitas domésticas, alguns irregulares – devotos, em procissão, para homenagear a padroeira do Brasil, Nossa Senhora de Aparecida, reflectindo e orando com Maria e sobre a condição da mulher migrante. A procissão começou no local onde está o Consulado, para dizer que a religião também tem a ver com a bandeira, com a cultura, a língua, com direitos e legalidade. Imigrantes lusófonos no coração da cidade para testemunhar a força da fé em Jesus Cristo, em atitude de nova evangelização. O que deveria ter sido assinalado no dia 12 foi celebrado no Domingo, dia 14, com grande alegria, emoção e sentimento religioso. Romeiros da Virgem percorreram as ruas repletas de turistas, pedintes e peregrinos, atravessaram o rio Tibre, rezando em português até à Igreja de Santa Maria da Luz, no bairro Trastevere. Nessa Igreja onde tem sede a Missão Latino-americana, em Via della Lungaretta, reúne-se, desde há 6 anos, a comunidade brasileira de Roma. A Missão é animada pelos missionários scalabrinianos. Anteriormente a Comunidade Brasileira encontrava hospitalidade na Igreja de Santo António dos Portugueses. Foi o Cardeal Cláudio Hummes, Prefeito da Congregação do Clero, brasileiro entre brasileiros, que acolheu o andor florido com a imagem da Virgem negra e presidiu à solene Eucaristia Dominical. Além das várias centenas de imigrantes e suas famílias, da embaixadora junto da Santa Sé, acorreram muitos sacerdotes e religiosas brasileiros a viver e estudar em Roma. Nas palavras que dirigiu à assembleia, o Cardeal brasileiro disse aos seus conterrâneos que, não obstante as dificuldades inerentes à emigração, olhassem para a estadia em Roma como “uma grande graça”. Estar perto do Santo Padre e pisar uma terra de mártires e de grandes testemunhas de Deus deve ser visto como privilégio cristão. Convocou os brasileiros em diáspora romana para o compromisso recentemente assumido pelos bispos latinoamericanos, diante do Papa Bento XVI, na V Conferência de Aparecida, para a “Grande Missão” no Continente americano e “unidade de todos os latinoamericanos”. Evangelizar, insistiu o prelado, “é sair, é partir, é ir ao encontro – não ficar á espera! – de quem está longe da Igreja, mesmo se baptizado”, e os imigrantes têm hoje uma grande missão a desenrolar nas cidades onde se fixam. No final da Missa, a imagem da Nossa Senhora de Aparecida foi abraçada por outras imagens de Maria, levadas por representantes de outras comunidades de imigrantes da América Latina de que são padroeiras nacionais, e que se podem venerar na Missão Latino-americana de Roma. Os brasileiros presentes em Roma provêm dos Estados do Paraná, de São Paulo, de Minas Gerais, entre outros, e estima-se que sejam perto de 6000 as presenças legalizadas na Província de Roma. Por ser uma das comunidades mais recentes de Roma, continua a enfrentar muitas dificuldades sociais a nível da regularização, habitação, língua, trabalho, família e integração. Segundo o III Relatório do “Observatório Romano sobre as Migrações”, da Caritas de Roma, calcula-se que a presença lusófona na cidade do Papa se situe na ordem das 12 000 pessoas, sendo actualmente as comunidades mais significativas: a brasileira, seguida da cabo-verdiana (3000) e portuguesa (2000).

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