Cardeais da Nova Evangelização no diálogo com o mundo

Mesa redonda com os promotores do ICNE Esta manhã, os quatro Cardeais e o Arcebispo de Paris promotores do Congresso Internacional para a Nova Evangelização sentaram-se para uma mesa redonda, moderada pela jornalista belga Beatriz Delvaux. A entrevista abordou temas diversificados. Igreja na Europa A situação da Igreja na Europa foi o ponto de partida. O cardeal Patriarca de Lisboa considera que os europeus e os cristãos de hoje estão confrontados com a globalização e que “esta pede um interdependência mútua, pois situa a Igreja no plano universal”. O Cardeal Danneels, de Bruxelas, referiu que também durante a Segunda Guerra Mundial os cristãos rezavam para elevar Deus “no meio da barbárie. Muitos belgas dizem-se católicos quando questionados, mas devemos dar-lhes condições para o serem de facto”, considerou. O cardeal de Viena referiu ser urgente a Europa guardar memória da sua herança cristã. O Cardeal Erdõ, de Budapeste, considera que a visibilidade é um desafio para a Igreja. “Daí a importância do tema deste Congresso”, assim como o desenvolvimento da uma justiça social nos próximos 10 anos. Igreja e os jovens Beatriz Delvaux questionou acerca do lugar dos jovens na Igreja e o desfasamento que muitos sentem. “Bento XVI disse que a Igreja é jovem”, manifestou o Cardeal Erdõ. “A oferta das Jornadas Mundiais da Juventude são muito importantes e eles reagem muito bem”, acrescentou. O Arcebispo Vingt-Trois, de Paris afirmou que “a Igreja não quer a sua subsistência, mas sim anunciar o Evangelho”, sublinhando a importância de ajudar os jovens a “olhar para fora deles próprios”. “O grande problema dos jovens é que se sentem sós”, acredita o Cardeal anfitrião desta quarta sessão do Congresso. “Temos de lhes dar a saber que não estão sozinhos”. D. José Policarpo considera que no seu tempo de juventude, o enquadramento na estrutura da Igreja era mais espontâneo. “Nas questões essenciais não se pode cair numa questão consumista pensando que é bom”, considerando, por exemplo, que o amor que está na moda e não corresponde a uma verdadeira atitude “de gratuidade e de descoberta do outro”. “A igreja deve fazer um pouco de contra cultura. A verdade nem sempre agrada a todos” referiu o Cardeal Daneels. E continuou apontando o testemunho que Bento XVI levou a Valência no encontro mundial com as famílias cristãs, onde falou “da beleza de ser casal e do testemunho da vida cristã”. Segundo o Arcebispo de Paris a cultura actual tem uma “fixação pela sexologia. Se procuram tanto ter aprovação dos seus comportamentos, talvez não estejam assim tão convictos das suas acções”, afirmou. “A sexualidade, as questões que se dizem ser de vida, não preocupam a Igreja, mas a humanidade”, apontando que estas questões põem em causa o próprio homem. A vida O Cardeal Schönborn, de Viena, falou da sua realidade quando afirmou que os partidos políticos estão de acordo em recusar a eutanásia e optam pelos cuidados paliativos. “Os cristãos comprometem-se pela defesa da vida, por isso a recomendação do Conselho da Europa de introduzir a eutanásia nos países participantes falhou”. O Cardeal de Budapeste considera que há questões morais que podem responder à realidade do mundo. “Os políticos ficam agarrados a soluções que acreditam ser definitivas, mas isto significa não compreender o valor da liberdade”, apontou D. José Policarpo, referindo a realidade do referendo em Portugal. “Continuo a afirmar que esta é uma questão do domínio de consciência”. A Bélgica avançou em questões como a eutanásia, a homossexualidade, questões que, segundo o Cardeal Daneels, “são de lamentar na Bélgica”. Mas considerou que a Igreja não quer armas políticas “antes morais e religiosas, pois o importante é formar consciências”. E continuou manifestando a sua total disponibilidade para aprofundar estas questões de vida na comunicação social sublinhando que “há pouco espaço na televisão para estes debates”. Diálogo inter-religioso O diálogo inter religioso foi também abordado. O Cardeal de Viena lamentou que a Europa não cuida das minorias cristãs nos países muçulmanos como devia. O Cardeal de Budapeste acrescentou que outro grande desafio é defender os cristãos no Ocidente. O Cardeal de Lisboa referiu que João Paulo II introduziu o valor da família humana universal. “Qualquer que seja a religião, ela faz parte da busca da paz e harmonia pela humanidade”, referindo que é necessário um maior conhecimento recíproco sobre as religiões. O Arcebispo de Paris relembrou a violência nos arredores de Paris e considerou estes problemas sociais e económicos, não religiosos. “Somos instrumentalizados pelo Islão, quando nem sabemos com que Islão nos relacionamos”, sublinhando as diferenças do islamismo no Sudão e na Indonésia, por exemplo. Quanto ao discurso de Bento XVI na universidade de Regensburg, o Cardeal Danneels considerou que o problema “foi terem lá estado jornalistas”, brincou. «Foi um discurso muito bonito, mas tirado do seu contexto”… Nova Evangelização Quanto ao Congresso Internacional para a Nova Evangelização, o Cardeal de Budapeste referiu que a sessão na sua cidade, no próximo ano, “será realizada em função do que aqui aprofundamos”. O Cardeal de Viena referiu que uma das finalidades do Congresso é “encorajar as nossas comunidades”. O Cardeal de Lisboa recordou que o grupo de convencidos “não é assim tão grande”. Porque o cristão busca sempre a verdade, “o congresso em Lisboa colocou-me muitas perguntas e trouxe-me novas respostas”, afirmou D. José Policarpo. O Arcebispo de Paris manifestou-se emocionado com o esforço e a mobilização dos participantes no Congresso. O Cardeal Danneels terminou a mesa redonda referindo que o consumismo e ateísmo existem mas “estão menos combatentes. Se a Igreja não se manifesta está a desperdiçar uma oportunidade. Mostremo-nos sem arrogância” o Arcebispo de Bruxelas. Budapeste 2007 Depois da mesa redonda os congressistas celebraram a eucaristia, onde se fez o envio simbólico do ICNE para Budapeste, cidade anfitriã da quinta sessão do Congresso, a decorrer de 16 a 22 de Setembro de 2007.

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