Capuchinhos: Semana Bíblica Nacional debate ecologia integral

«Evangelho da criação» é tema da edição que termina esta quinta-feira em Fátima

Fátima, Santarém, 01 set 2016 (Ecclesia) – O Secretariado do Movimento Bíblico, dos Franciscanos Capuchinhos, está a promover em Fátima a Semana Bíblica Nacional numa reflexão dedicada à ecologia integral, à luz do ensinamento do Papa.

“Pretendemos sensibilizar as pessoas para uma formação integral e não apenas dar uma sensibilidade de uma ecologia que poderíamos chamar de caracter científico mas uma ecologia abrangente, que tem em conta o ser humano nas grandes dimensões humanas – psicológico, espiritual e cristão”, explicou frei Herculano Alves.

À Agência ECCLESIA, o frade Capuchinho referiu o tema e programa da 39.ª Semana Bíblica Nacional foram escolhidos no âmbito da Encíclica ‘Laudato Si’ onde o Papa Francisco “chama a atenção” para uma releitura “à luz da fé, da Teologia, da Bíblia” de problemas que são do mundo mas também da Igreja.

“Todos os cristãos sentem-se membros da comunidade humana e temos essa preocupação pelo bem da humanidade no seu conjunto e naturalmente o nosso país em particular”, acrescentou o sacerdote biblista.

Do programa destacou-se a mesa-redonda ‘Leituras do livro da criação’ que reuniu o biólogo José Manuel Alho, na vertente científica, Margarida Alvim, da Fundação católica ‘Fé e Cooperação, na vertente crente, e frei Acílio Mendes.

À Agência ECCLESIA, o biólogo comentou que as opiniões “valem na direta proporção do estatuto de quem as profere” e o Papa é um líder de Estado e líder religioso que tem “muitos milhões de pessoas que o ouvem” numa lógica de fé e outros que “lhe reconhecem determinado estatuto”.

Neste contexto, José Manuel Alho destacou que Francisco sublinhou, com o seu estatuto, na Encíclica ‘Laudato Si’ o que “muitos cientistas, ambientalistas” têm feito de “forma menos impactante” e comparou o documento à ‘Rerum Novarum’, do Papa Leão XIII, que em 1891 definia a Doutrina Social da Igreja Católica.

“No tempo certo trouxeram impulso para as mudanças que têm de ser dadas na sociedade”, observou o biólogo que há vários anos alerta as pessoas para “as questões que estão a pôr em causa os equilíbrios naturais” no planeta.

A engenheira florestal Margarida Alvim para apresentar a sua visão crente releu a encíclica papal, “sobretudo o capítulo 2”, e fez uma leitura da própria vida e do seu “entendimento do mundo através deste Evangelho da Criação”.

Através de cinco etapas de desenho propôs uma leitura “crente e critica” sobre o jardim do Éden, desafiou os participantes a perceber qual é o seu jardim atual “porque o livro do Génesis é vivo” e explicou que o seu começou por ser “a casa de família, o cuidado com pais doentes e de uma casa e uma quinta em Ourém”.

O frade Capuchinho Acílio Mendes apresentou a vertente franciscana da ‘Leitura do livro da criação’ recordando do ‘Cântico das criaturas’ de São Francisco de Assis a “dimensão de fraternidade universal”, onde a pessoa humana “faz parte da criação”, que inspirou o Papa argentino na sua encíclica.

O encontro na Casa do Verbo Divino, em Fátima, termina hoje, com o bispo auxiliar de Braga, D. Francisco Senra, a apresentar a conferência “Da «Pacem in Terris» à «Laudato Si»”, a partir das 09h30, antes da Eucaristia de encerramento, às 11h00.

A 39.ª Semana Bíblica Nacional teve com tema ‘O Evangelho da Criação’ e as conferências apresentadas vão ser publicadas na série científica da revista ‘Bíblica’.

CB

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Agência ECCLESIA

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