Canonizações: Cardeal português homenageia João XXIII

D. Manuel Monteiro de Castro elogia «humildade» e capacidade de diálogo do Papa italiano, que morreu há 50 anos

Lisboa, 26 abr 2014 (Ecclesia) – O Papa João XXIII, Angelo Giuseppe Roncalli, que vai ser canonizado no domingo, deixou um legado de “humildade” e “diálogo”, segundo o cardeal português D. Manuel Monteiro de Castro.

“Angelo Roncalli, sacerdote, diplomata, bispo, Papa, evidencia-se pela humildade, amor ao diálogo, amor a Cristo, à Igreja e à humanidade inteira”, refere à Agência ECCLESIA o penitenciário-mor emérito da Santa Sé, que tal como João XXIII passou várias décadas ao serviço diplomático do Vaticano.

O Papa italiano, beatificado por João Paulo II em setembro de 2000, nasceu em 1881 na localidade de Sotto il Monte, Bérgamo, onde foi pároco, professor no Seminário, secretário do bispo e capelão do exército durante a I Guerra Mundial.

João XXIII iniciou a sua carreira diplomática como visitador apostólico na Bulgária, de 1925 a 1935; foi depois delegado apostólico na Grécia e Turquia, de 1935 a 1944, e Núncio Apostólico na França, de 1944 a 1953.

“Sobressaiu pela sua capacidade conciliadora, pelo seu interesse ecuménico, sinceridade e coragem, manifestada em salvar a vida a judeus durante a II Guerra Mundial”, lembra o cardeal Monteiro de Castro.

Em 1953, Angelo Roncalli foi nomeado patriarca de Veneza e no dia 28 de outubro de 1958 foi eleito Papa, sucedendo a Pio XII.

“A vida diplomática, em diversos países, enriqueceu naturalmente os dotes de Angelo Roncalli e o seu modo de atuar”, destaca o cardeal português a respeito de João XXIII, que “convocou o Concilio Vaticano II para explicar a doutrina da Igreja ao mundo atual e publicou oito encíclicas, de grande valor como a ‘Mater et Magistra’ e a ‘Pacem in Terris’”.

O homem que alimentava “a possibilidade da paz universal, da fraternidade entre os homens” defendia “uma atuação não para fazer-se ver, mas para levar a todos a paz própria dos filhos de Deus”, acrescenta D. Manuel Monteiro de Castro.

O penitenciário-mor emérito da Santa Sé esteve na Arquidiocese de Bérgamo a 24 de junho de 2012 para presidir à festa patronal da paróquia de São João Batista, no dia seguinte, visitar a casa dos pais do Papa João XXIII.

“Notei uma fotografia junto a uma carta escrita à mão. Aproximei-me e li: ‘Queridos pais, celebrei 50 anos de sacerdote e não vos escrevi porque o tempo não me permitiu, mas quero dizer-vos que li muitos livros mas o melhor da minha vida foi o vosso, foi o que aprendi convosco em casa. A família é a melhor escola’”, relata.

A canonização, ato reservado ao Papa, é a confirmação, por parte da Igreja, de que um fiel católico é digno de culto público universal (no caso dos beatos, o culto é diocesano) e de ser dado aos fiéis como intercessor e modelo de santidade.

 

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Agência ECCLESIA

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