Canonizações: Alfredo Bruto da Costa recorda legado social de João XXIII e João Paulo II

Presidente da Comissão Nacional Justiça e Paz fala sobre os dois Papas que vão ser canonizados no domingo

Lisboa, 22 abr 2014 (Ecclesia) – O presidente da Comissão Nacional de Justiça e Paz (CNJP) considera que os dois futuros santos João XXIII e João Paulo II deixaram “um grande legado” no campo da Doutrina Social da Igreja.

“Foram dois Papas que deixaram um grande legado no campo do ensinamento social”, realça Alfredo Bruto da Costa, em declarações à Agência ECCLESIA.

“João XXIII foi um homem que me marcou profundamente não só do ponto de vista do ensinamento social mas por tudo quanto representou a convocação do Concílio Vaticano II e tudo quanto ele através da sua maneira de ser transmitiu como imagem que tinha da Igreja, dos cristãos e do papel dos cristãos no mundo”, analisa.

O presidente da CNJP destaca duas das encíclicas de João XXIII, a ‘Mater et Magistra’ de 1961 e a ‘Pacem in Terris’ de 1963, esta última “já publicada durante o concílio”.

Na ‘Mater et Magistra’ João XXIII “insistiu muito no caráter humano da vida das sociedades e da economia recordando alguns princípios fundamentais desde Leão XIII aos seus antecessores”.

Quanto à encíclica ‘Pacem in Terris’ o economista destaca “a abertura original da mesma” por ser dirigida “não só aos cristãos mas a todos os homens de boa vontade”, mas também a seção ‘sinais dos tempos’ que o Papa “apresentava sem dizer se eram coisas boas ou más mas aceitando esses fenómenos como normais e dando conta deles”.

Outro dos pontos de destaque nesta encíclica foi o facto de com esta João XIII ter elevado “a fasquia da paz e da justiça ao nível mundial” dado que falou “pela primeira vez numa comunidade mundial”, do “bem comum mundial” e na necessidade da existência de “uma autoridade pública mundial, coisa de que ainda não se tinha falado até então”.

Quanto ao Papa João Paulo II, Alfredo Bruto da Costa lembra que a sua primeira encíclica social que versava sobre o trabalho humano “é marcada pelo seu passado e reflexão” dado que “ao longo da sua juventude como trabalhador de minas ele tinha experimentado na primeira pessoa o que é a dureza do trabalho humano quando não é respeitada a dignidade do trabalhador”.

“João Paulo II foi mais fundo na questão, mostrou de uma forma mais clara a relação e a interdependência que existe os vários princípios e realçou uma vez mais um ponto importantíssimo do ensinamento social da Igreja de que os pontos da doutrina social da Igreja não são um conjunto avulso mas sim um conjunto de princípios ordenados e hierarquicamente dispostos”, refere o presidente da CNJP.

O especialista destaca ainda a encíclica ‘Solicitudo Rei Socialis’ onde João Paulo II “lança de uma forma nova a noção de solidariedade que já era um conceito cristão mas que com ele ganha uma nova projeção, fazendo a palavra entrar no discurso normal”.

Em 1991 o Papa polaco escreve a encíclica ‘Centesimus Annus’ que assinala os 100 anos da primeira encíclica social onde “atualiza o seu pensamento, num momento já posterior à queda do Muro de Berlim e que o modelo soviético já tinha caducado”.

“Ali o Papa João Paulo colocou muitas reservas à forma como a economia de mercado estava a ser viciada pelo capitalismo de então”.

O Papa Francisco presidiu no dia 30 de setembro de 2013 a um consistório ordinário público no Vaticano para aprovar as causas de canonização de João Paulo II e João XXIII, marcando a cerimónia para o próximo domingo.

HM/MD

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