Campanha de Natal apoia católicos no Paquistão

Organização Ajuda à Igreja que Sofre lembra minoria pobre e discriminada pela sua fé

A organização católica Ajuda à Igreja que Sofre (AIS) acaba de lançar a sua campanha de Natal 2010, este ano destinada a apoiar os católicos no Paquistão, país onde esta profissão de fé “pode custar a vida”.

A campanha e o relatório sobre a situação dos cristãos no país asiático foram apresentados em Lisboa, na presença do Bispo auxiliar de Lahore, D. Sebastian Shaw.

A Fundação AIS considera que “cada vez mais, os cristãos são discriminados nos seus locais de trabalho, são fortemente pressionados para abandonar a sua fé, há cada vez mais ataques ao seu modo de vida e, pior que tudo, estes ataques e ameaças são cada vez mais violentos”.

No Paquistão, os católicos constituem a classe social mais baixa e a sua situação é apresentada como “uma das mais difíceis em todo o mundo”.

Catarina Martins Bettencourt, presidente do Conselho de Administração da Fundação AIS, destacou a importância de angariar fundos para “minorar um pouco” o sofrimento dos paquistaneses, agravado pelas recentes cheias no país, que irão exigir um grande esforço de reconstrução. 

Os cristãos paquistaneses são pouco mais de dois milhões numa população de 175 milhões de habitantes, na sua esmagadora maioria muçulmanos.

Uma das grandes ameaças à liberdade religiosa é a lei anti-blasfémia, a qual estabelece que qualquer ofensa por palavras ou actos contra o Alá, Maomé ou o Corão, denunciada por um muçulmano e sem necessidade de testemunhos ou provas adicionais, pode determinar o julgamento imediato e a condenação à prisão de qualquer pessoa.

D. Sebastian Shaw visita Portugal, até 21 de Outubro, a convite da Fundação AIS.

Apesar das dificuldades que enfrentam, o Bispo auxiliar de Lahore sublinhou que os católicos do seu país “servem o progresso do Paquistão”, trabalhando para todas as pessoas com escolas e hospitais, por exemplo.

Este responsável sublinhou as “boas relações” entre paquistaneses e portugueses, testemunhando um legado também de fé, visível na devoção a Santo António de Lisboa, a Nossa Senhora de Fátima ou na forte presença de uma comunidade católica vinda de Goa, na vizinha Índia.

D. Sebastian Shaw lembrou que além de minoria, os cristãos são “pobres” e precisam de toda a ajuda do Ocidente, dado estarem rodeados pela Índia, China, Afeganistão e Irão, países de onde não esperam qualquer tipo de auxílio.

O agravamento das condições de vida e o crescimento do fundamentalismo religioso, em particular após os atentados do 11 de Setembro de 2001, têm criado “medo” e “insegurança” entre os cristãos, assinalou o prelado.

Presente no lançamento, Octávio Carmo, chefe de redacção da Agência ECCLESIA, afirmou que a liberdade religiosa não é uma matéria “negociável”.

“Não estamos a falar de uma liberdade de culto, privada, mas de um conjunto de condições jurídicas que se estendem à educação, ao direito de associação, à profissão pública da fé, com consequências na vida concreta e no comportamento, na organização da vida social”, assinalou.

Após traçar uma panorâmica das situações mais difíceis a nível global, o jornalista abordou a questão da liberdade religiosa no nosso país.

“Não podemos aceitar que, numa sociedade laica, todos nos tenhamos de comportar em público como ateus, em nome de uma suposta tolerância. Respeitar a consciência é respeitar as suas escolhas e convicções, também do ponto de vista religioso”, concluiu.

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