Caminheiros da Justiça e da Paz

Caminheiros da Justiça e da Paz O Presidente da Comissão Nacional Justiça e Paz informa sobre projectos e sua divulgação na opinião pública. Agência Ecclesia – As comemorações da Pacem in Terris constituem o fulcro das actividades da CNJP durante este ano? Que iniciativas? Sales Luís – Foram para nós, realmente, muito felizes as coincidências de 40º aniversário da Encíclica e da sua lembrança na Mensagem do Santo Padre para o Novo Ano com o início das nossas actividades. A missão cometida ao grupo tem nelas a sua matriz de referência, para, pela Verdade, Justiça, Amor e Liberdade, enfrentar os desafios do mundo contemporâneo. Faremos delas o tema da nossa primeira iniciativa pública, já a 5 de Abril próximo, com uma actividade em Coimbra, (este ano a Capital da Cultura), com uma epígrafe dupla: “ENCONTRO PARA UMA CULTURA DA JUSTIÇA E DA PAZ. REUNIÃO DE GRUPOS E MOVIMENTOS CRISTÃOS”. Mais tarde, em finais de Novembro, agora em Lisboa, estamos a organizar um Congresso sobre “A PAZ NO MUNDO”, em colaboração com outras estruturas ou grupos. Procuraremos viver aí o contributo de todos os que, de qualquer credo ou religião, ou agnósticos, com envolvimento público ou associativo diverso, procurem a Justiça e a Paz. AE – A metodologia é fundamental na acção da CNJP? SL – Considerámos, para uma maior eficiência, indispensável constituirmo-nos como uma equipa articulada e democrática. Assim, as posições só serão da Comissão depois de discutidas e aprovadas pelo grupo. Escolhemos uma forma, a de “caminheiros ao encontro das mulheres e dos homens de boa vontade” Estaremos com todos os que procurem a Justiça e a Paz. Sabemos que, como “denominador comum” é indispensável defender acerrimamente os Direitos Humanos, preservar a Natureza, respeitar a liberdade de todos, procurar a Verdade e cultivá-la, promover a justiça e a solidariedade e a partilha, amar o próximo, perdoar como queremos que nos perdoem. Sabemos ainda que a leitura e a interpretação dos factos, neste século, não é, nem pode ser igual à do passado, mesmo próximo. Finalmente, interpretamos a nossa missão como de dinamização, funcionaremos tendencialmente em rede, em estreita ligação com comissões diocesanas já existentes ou a criar, com os núcleos paroquiais e centros que venham a surgir e com um conjunto alargado de grupos de trabalho que se constituam para as diferentes problemáticas relacionadas com a Justiça e a Paz. AE – Que espaço está reservado às intervenções da CNJP na Sociedade Portuguesa? É semelhante ao longo das últimas décadas? SL – Sei que a idade das CNJP pouco ultrapassa as duas décadas, e não creio ter havido uniformidade nas quatro ou cinco que nos precederam. Foi, e é saudável que a nossa, como cada uma das anteriores ou as que se seguirem, tenham formas diferentes de metodologia e intervenção na Sociedade Portuguesa. Procuraremos, na nossa missão, promover as ideias e os gestos tendenciais à paz e à justiça, tanto quanto possível sem afrontamentos, (mas não os evitaremos), quando os valores que defendemos corram grande risco. A Sociedade Portuguesa, cada vez mais, é um reflexo das influências mundiais, com alguns, pequenos, traços próprios. Sentimos e colocámos algumas questões que, com maior ou menor rapidez, serão objecto próximo da nossa abordagem: – as bases para uma cultura de direitos humanos; – o lugar do trabalho humano e a sua dignificação; – a corrupção activa e passiva, como fenómeno de desestruturação interna: – a pobreza e a miséria no mundo, e entre nós; – a hierarquização de prioridades a defender, nas Sociedades; – as condicionantes à criação e repartição de riqueza e do rendimento, determinadas pela Justiça Social; – o lugar da Família e os seus direitos, no Mundo e em Portugal; – a violência nas suas múltiplas e preocupantes vertentes – o tráfico humano e de armas, entre nós e no mundo; – os desafios da imigração e da exclusão social; – a ecologia como projecto de responsabilidade colectiva e de solidariedade humana; – o diálogo inter-religioso – a globalização e os seus problemas de justiça e paz; – o diálogo para a Justiça e Paz, entre as pessoas, independentemente da confissão religiosa; – a globalização e os seus problemas de Justiça; – a participação no debate sobre a futura constituição europeia; – o papel dos “media” na promoção da Justiça e da Paz. AE – Qual a opinião do Presidente da Comissão Nacional Justiça e Paz sobre o actual momento da vida social e política em Portugal? SL – A minha opinião pessoal não interessará neste momento, como a de nenhum dos outros membros, quando está em equação a posição da Comissão. A avaliar pelo enumerado das questões seleccionadas para o futuro imediato, poder-se-á inferir quão angustiante é o momento, e quanto esforço será exigido ao País para encontrar rumos apropriados. AE – O Código do Trabalho é “imoral”? SL – Fizemos uma Conferência de Imprensa que durou mais de uma hora, na apresentação da Comissão, no passado dia 7 de Janeiro. Um jornalista solicitou-me algumas palavras nessa tarde. Falámos em muita coisa, dos temas da apresentação, falou-se da exigência da validade de opinião apenas quando os assuntos fossem colectivamente discutidos pela Comissão; puseram-se hipóteses extremadas da evolução das propostas. A notícia atribuída a esta conversa e à Conferência de Imprensa saiu num semanário, alguns dias mais tarde, em títulos “bombásticos”, como afirmação concreta da “imoralidade”, sem enquadramento correcto, e apenas em algumas linhas… AE – A contenção salarial é justa e necessária? O trabalho da Justiça sobre casos de corrupção vislumbra cenários de Justiça Social? SL – Também estes temas são objecto da nossa maior inquietação. A discussão, os gestos para divulgar e a “tentativa terapêutica” serão corolários imediatos. AE – E se acontecer a guerra ao Iraque? SL . O mundo estará ainda mais louco… No mundo globalizado, a Terra ficará apenas para uns quantos, sempre em menor número; “destroi-se” a Terra… volta-se mais para trás. A Justiça emagrece, e a Paz persiste remota….

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