Cabo-verdianos organizaram Via Sacra em Roma

Numa das épocas do ano em que a cidade de Roma é invadida por milhares de peregrinos e turistas por ocasião da Páscoa, a comunidade de Cabo Verde voltou a ser sinal público da fé em Jesus Cristo.  

Ontem, domingo de Ramos, junto ao Anfiteatro de Flávio, mais conhecido por Coliseu – uma das 7 maravilhas do mundo – os cabo-verdianos com seus capelães assinalaram o início da semana santa com o exercício da Via Sacra.

Com painéis alusivos a cada estação da paixão de Cristo, mulheres migrantes e suas famílias percorreram caminhos outrora usados pelo imperadores e militares para ostentar poder e vitórias humanas. Era, de facto, chamada “via sacra” a via principal do Foro Imperial por onde desfilavam as legiões romanas depois das suas conquistas violentas e hegemónicas.

Os imigrantes ostentaram a cruz, cantaram o Cristo-rei crucificado, sepultado e ressuscitado, que vence a morte e a opressão, identificando-se com todos os que lutam pela justiça, vida, paz e migração digna.

Pela tarde, a comunidade convocada pela OMCVI – Associação das Mulheres Caboverdianas em Itália (www.omcvi.it), uma das 8 associações fundadas no país – reuniu-se para um seminário muito participado sobre “O valor da família em 50 anos de imigração caboverdiana em Itália”, onde intervieram: Embaixada, Caritas, Autarquia, Tra Noi, Músicos e imigrantes.

Num país, em dia de eleições para a regiões, onde a actual política do governo, os media sensacionalistas e grupos criminais organizados (ex. Mafia) estigmatizam, mesmo recorrendo à xenofobia, cada vez mais os trabalhadores imigrantes e seus descendentes, a Comunidade de Cabo Verde, com outras comunidades mais recentes da América Latina, testemunhou com dignidade e cidadania a sua pertença à sociedade italiana.

Testemunhou ainda para a admiração de muitos, a sua participação activa e espiritualmente consciente nos destinos da igreja que peregrina em Roma, grande metrópole multicultural, onde se assiste, como noutras cidades europeias, à crescente secularização e laicismo agressivo contra a Igreja.

Rui Pedro

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