Cabo Verde é um país muito especial. É a terra da boa hospitalidade (a morabeza) e da ‘sódade’, como tão bem canta a Cesária Évora. Quem lá vai sente-se sempre em casa. Porque é um país de poucos recursos naturais e de longos períodos de seca, a emigração tornou-se questão de vida e ou de morte há algumas décadas a esta parte. E assim, pouco a pouco, os cabo-verdianos foram chegando a todo o mundo onde se instalaram de armas e bagagens, formando grandes comunidades na diáspora. Mas, o que talvez marque a identidade cabo-verdiana é aquela vontade de voltar à terra-mãe e de ali investir o que vai ganhando fora. Por isso, Cabo Verde é um país diferente de todos os outros e tem um nível de vida muito superior à média de África. Tem havido muito investimento em Cabo Verde. As Ilhas proporcionam excelentes condições de turismo, por onde boa parte do futuro dos cabo-verdianos poderá passar. Mas há mais áreas onde se poderá investir, sobretudo no capital humano. Cabo Verde é dos países africanos que toma o ensino mais a sério, a ponto da escolaridade nas camadas mais jovens ser uma realidade que abrange quase todos. Há mais factores e ter em linha de conta. Cabo Verde tem um bom clima, não tem os problemas de saúde que vitimam o continente africano, como, por exemplo, a malária. E o mais decisivo é que tem paz e já vai enveredando pelos caminhos de uma democracia multipartidária que, como todos os limites que possa ter, coloca Cabo Verde muito à frente da maioria absoluta dos países africanos. Cabo Verde pode dar ao mundo capital humano, hospitalidade, um apurado sentido de identidade e pertença à terra, turismo… e o resto do mundo pode ajudar a combater a pobreza que ainda existe, pode investir na criação de condições para um ensino superior para todos, pode ajudar a criar postos de trabalho… No dar e no receber é que está o segredo da riqueza das pessoas e dos povos. Esta é a partilha que continua a fazer falta à humanidade. Pe. Tony Neves, Programa Igreja Lusófona (www.fecongd.net)