«Cabaz de Conversas»: Restrições nas celebrações do Natal são «contranatura» para os madeirenses – D. Nuno Brás (c/vídeo)

Missas do Parto e visita aos presépios com restrições, romagens e autos de Natal cancelados obrigam a celebrações mais contidas na diocese do Funchal

Foto: Lusa

Funchal, 11 dez 2020 (Ecclesia) – As restrições que a população madeirense está a viver neste tempo de Advento e na celebração do Natal são, para o bispo do Funchal, “contranatura”, dadas as festividades públicas que marcam as ruas e a população madeirense.

“Isto é qualquer coisa de contranatura dos madeirenses, ser contido na celebração das Missas do Parto e do Natal. Vai ser necessário fé, muita confiança e também que a razão se sobreponha ao coração, para dizer que não é possível, mas que apesar de tudo o Menino nasce e o Natal acontece”, afirmou D. Nuno Brás à Agência ECCLESIA.

D. Nuno Brás regista que desde o início do tempo do Advento, este ano no dia 29 de novembro, as ruas do Funchal, “e praticamente de todas as localidades”, se iluminam, marcando um tempo que na diocese insular é já de “esperança jubilosa” e de uma alegria que “faz sentido ser exteriorizada”.

“A caminhada no continente é quase penitencial aqui é já uma esperança jubilosa. Esses dias são marcados por convívios, festa, para depois se chegar à noite de Natal”, explica.

Nove dias antes da celebração do Natal começam as celebrações das Missas o Parto, “celebrações com cânticos próprios e letras muito bonitas, de quem está enamorado pela Virgem Maria”, onde a sua beleza é descrita, “ora nos seus cabelos, olhos, mãos… têm uma profundidade teológica interessante e uma expressão popular muito bonita”, regista.

A celebração das missas do parto está acautelada, seguindo as normas para qualquer celebração eucarística indicada pela Direção Geral de Saúde, mas os convívios que costumam marcar o final das celebrações não vai acontecer.

“As missas do parto realizam-se muito cedo porque as pessoas tinham de ir trabalhar, e antes do Concilio a celebração era feita em jejum. O que significa que em cada aldeia, as pessoas caminhavam com as lanternas em direção à igreja paroquial para a celebração da missa antes do raiar da aurora. Depois, necessariamente, partilhavam a sua alegria, tomavam o pequeno-almoço reforçado e festivo”, recorda.

D. Nuno Brás apresenta outra tradição madeirense na celebração do Natal que é a visita aos presépios.

“No ano passado vi muitos autocarros organizados para visitar os presépios – uma paróquia tinha 20 minutos de espera com trânsito caótico e vários autocarros em fila para a visita”, relembra.

Este ano, a proibição de visita aos presépios não acontece, mas o responsável pede “organização às paróquias para a criação de um circuito que, neste tempo de pandemia, permita as visitas com ordem e segurança”.

D. Nuno Brás lembra que apesar das restrições, “o Advento é sempre o Advento, é o seu objetivo é o mesmo”, reconhecendo que “este ano tudo terá de ser vivido com manifestações mais contidas” de forma a que, em janeiro, “não se entre em confinamento”.

Nas Missas do Galo é comum haver romagens, que este ano não irão acontecer, assim como os autos de Natal que marcam a noite de 24 de dezembro, na Madeira.

“Na celebração da Missa do Galo a tradição de beijar o Menino será substituída por uma inclinação da assembleia como ato de adoração ao Deus feito homem”, indica D. Nuno Brás.

O responsável manifesta alguma esperança que as restrições apresentadas ajudem a “purificar o que de facto não faz parte do Natal e que possam ser exageros humanos nas festividades”.

A diocese do Funchal tem por hábito realizar a renúncia de Advento, que a Igreja destina a uma ajuda na ilha – este ano, essa verba será canalizada para “dois mosteiros de irmãs clarissas, de religiosas contemplativas, que vivem de forma muito pobre, com muitas dificuldades”.

D. Nuno Brás indica ainda que as paróquias, através das conferências vicentinas espalhadas por toda a ilha, e também a Cáritas diocesana vão “reforçar o apoio aos que não têm a facilidade material”.

Para além de informar sobre as vivências do Natal nas várias dioceses de Portugal, o “Cabaz de Conversas” convida cada diocese a participar na elaboração de um cabaz de Natal que vai ser entregue às Irmãs Dominicanas do Rosário que ajudam cerca de 100 famílias nos bairros na zona de Calhariz Velho, onde se situa a sede da Agência Ecclesia e da Conferência Episcopal Portuguesa.

LS

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