«Cabaz de Conversas»: Celebração natalícia do «bodo» na zona serrana da Diocese de Coimbra (c/vídeo)

Padre Orlando Henriques fala das celebrações na aldeias do Concelho da Pampilhosa da Serra, Arganil e Góis

Coimbra, 07 dez 2020 (Ecclesia) – O padre Orlando Henriques, da Unidade Pastoral de Góis (Diocese de Coimbra), falou com a Agência ECCLESIA da “celebração do bodo”, no dia de Natal, uma tradição natalícia “muito específica” na região serrana da diocese.

Nas aldeias do Concelho da Pampilhosa da Serra, Arganil e Góis realizam-se “muitas festas do bodo, talvez até mais associadas à festa, em janeiro, de São Sebastião”, mas no concelho da Pampilhosa vive-se esta tradição no dia de Natal.

A festa do bodo consiste na celebração da Eucaristia, na qual se “faz a bênção do pão”, antigamente estava relacionada “com uma oferta aos pobres”, mas, atualmente, durante a festa, “qualquer pessoa pode comer daquele pão”, sublinhou o padre Orlando Henriques o convidado desta edição do ‘Cabaz de Conversas’ que é publicado online, de segunda a sexta-feira, até 25 de dezembro.

Este sacerdote recorda em particular uma festa do bodo, na Lomba da Senhora (capela dos “Ribeiros”, paróquia de Cabril).

A festa consiste na celebração da Missa com bênção de uma grande quantidade de pão que é, depois, distribuído pelas pessoas.

“Normalmente, no final da Missa, costumo fazer a oração para a «bênção de alimentos ou bebidas por motivo de devoção», que vem no Ritual das Bênçãos, e, depois, aspergir com água benta o pão e/ou outros géneros alimentares que estejam incluídos no bodo.

Em alguns bodos, além do pão, as pessoas também dão outros géneros (como tremoços, nos Lobatos; ou figos secos, em Fajão).

O bodo costuma também incluir um convívio no final da missa, em que já se come do pão benzido, normalmente com presunto, queijo, ou mesmo carne grelhada.

O pão dos bodos é, geralmente, de trigo, e costuma ser um pão próprio que algumas padarias já fazem de propósito para a festa, mediante encomenda.

Quem encomenda o pão é “o mordomo do bodo, pagando, normalmente, com as ofertas que vai recolhendo das pessoas que dão dinheiro para a festa”, disse o padre Orlando Henriques.

Uma tradição enraizada e, antigamente, os bodos eram uma “forma de dar comida aos necessitados, mas hoje é mais um convívio”.

Estes bodos começaram, normalmente, por uma espécie de “promessa” coletiva feita pelo povo de determinada aldeia, normalmente por causa de alguma epidemia, ou “malina” (fosse nas pessoas, nos animais ou na agricultura), ou catástrofe natural.

A crença popular diz que o pão benzido nos bodos não se estraga, que se conserva “miraculosamente”, ficando rijo, mas sem nunca ganhar bolor, havendo até quem o guarde de um ano para o outro.

LFS/OC

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