Brasil: Jovens indígenas, afro-brasileiros e quilombolas projetam participação na JMJ Lisboa 2023

Delegação do COL e a EDUCAFRO planearam, em São Paulo, a presença de representantes dessas comunidades, que vão estar também no encontro a Economia de Francisco, em Assis

Frei David Santos e D. Américo Aguiar

São Paulo , 29 ago 2022 (Ecclesia) – O diretor executivo da EDUCAFRO, que trabalha pela entrada de afro-brasileiros, quilombolas e indígenas nas universidades brasileiras, projetou com o presidente da Fundação JMJ Lisboa 2023 a participação de elementos da organização na próxima Jornada Mundial da Juventude, em Lisboa.

Em declarações à Agência ECCLESIA, em São Paulo, o frei David Santos manifestou a sua satisfação pela possibilidade de poder “levar um grupo de quilombolas, afro-brasileiros e indígenas para participar no encontro mundial da juventude, em Portugal”.

Após o encontro com o diretor-executivo da EDUCAFRO, D. Américo Aguiar disse que a organização da JMJ Lisboa 2023 vai “fazer tudo” para assegurar a participação de “comunidades das periferias”, brasileiras e de outras geografias, cumprindo um “desejo” do Papa Francisco.

“O Papa Francisco tinha partilhado o desejo de termos em atenção, no continente americano e tantos outros continentes, as comunidades que são periferias geográficas e existenciais, quer indígenas, os que são de origem africana e outros povos que coabitam neste imenso Brasil”, disse à Agência ECCLESIA.

O presidente da Fundação JMJ Lisboa 2023 agradeceu a proposta do diretor-executivo da EDUCAFRO, garantindo o empenhamento do Comité Organizador Local (COL) da jornada do próximo ano para assegurar a participação de jovens afro-brasileiros, indígenas e quilombolas.

“Vamos fazer por isso! Vamos fazer tudo o que estiver ao nosso alcance para que jovens indígenas, de origem africana e de outras comunidades do Brasil, dessas periferias, possam atravessar o atlântico e serem conquistados e conquistarem-nos o coração”, afirmou D. Américo Aguiar.

O encontro do presidente da Fundação JMJ Lisboa 2023 com o diretor-executivo da EDUCAFRO aconteceu em São Paulo, no âmbito da apresentação aos jovens brasileiros da Jornada Mundial da Juventude que vai decorrer em Portugal, entre os dias 1 e 6 de agosto de 2023.

“Queremos que o Brasil leve a maior delegação para o encontro mundial da juventude, por dois motivos: para recuperar a juventude para  o processo do Reino de Deus, que é importante para todos nós; o segundo ponto, é que temos uma dívida para com Portugal para melhorar e entrelaçar as partilhas e as amizades”, referiu frei David Santos.

A organização EDUCAFRO, que promove há 50 anos a integração de estudantes afro-brasileiros, indígenas e quilombolas nas universidades brasileiras, está a celebrar os 10 anos da lei que “salvaguarda a igualdade de oportunidades para brancos, indígenas, quilombolas e negros”, assegurando que a educação é a “única ferramenta” que transforma as sociedades.

“Está provado no mundo inteiro que a única ferramenta eficaz que eleva a nível social e económico, combate a violência e a fome, é a educação. Por isso, nós franciscanos investimos fortemente na educação para o pobre através da EDUCAFRO, que é um instrumento para incluir jovens quilombolas, negros e indígenas nas Universidades brasileira públicas ou nas particulares, com bolsas e estudo”, sublinhou.

Quilombolas são comunidades africanas que, no tempo colonial, “fizeram a revolução na fazenda em que eram escravas e foram, de madrugada, morro acima, em lugares de difícil acesso, e lá construíram pequenas aldeias de modelo africano”, indicou frei David Santos. O trabalho da EDUCAFRO permitiu que, em 10 anos, a presença de afro-brasileiros, indígenas e quilombolas, passasse de 2.5% para 30% nas universidades brasileiras e vai ter um momento significativo na sua história com a participação de cinco jovens no encontro “A Economia de Francisco”, que vai decorrer em Assis, no mês de setembro.

“A EDUCAFRO conseguiu que cinco jovens negros de alto nível, bem formados pela EDUCAFRO na área da economia e políticas públicas, fossem pagos para participar nesse encontro, em Itália”, indicou frei David Santos.

No âmbito do diálogo com Portugal no contexto da JMJ Lisboa 2023, o diretor-executivo da EDUCAFRO sugeriu que jovens brasileiros, nomeadamente afro-brasileiros, indígenas e quilombolas, possam estudar em Portugal e, por outro lado, jovens de Portugal possam estudar no Brasil, todos com bolas de estudo.

A apresentação da JMJ Lisboa 2023 prossegue esta semana na 59º Assembleia da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos Brasileiros), que decorre em Aparecida, no Brasil, até ao próximo dia 2 de setembro.

PR

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Agência ECCLESIA

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