Brasil: Conselho Indigenista Missionário denuncia «aumento de violência» contra o povo Ianomâmi

Organismo dos bispos do Brasil publicou nota de solidariedade, pedindo medidos de proteção

Brasília, 05 mai 2022 (Ecclesia) – O Conselho Indigenista Missionário (Cimi) Regional Norte I, organismo da Conferência Nacional de Bispos do Brasil (CNBB), denunciou o “aumento de violência” contra o povo Ianomâmi, pedindo pede “medidas de proteção aos indígenas e ao seu território”.

Numa nota publicada online, o Cimi Regional Norte I recorda que os líderes do povo Ianomâmi “denunciaram a morte de uma menina de 12 anos”, depois de ser violada pelos garimpeiros (pessoas que se dedicam à mineração furtiva) que controlam a comunidade Aracaçá, região de Waikás, “e o desaparecimento de outra criança de três anos, quando a tia das meninas resistiu à violência”.

Segundo a instituição católica, as organizações indígenas, com o apoio de outras organizações, da Diocese de Roraima, da Pastoral Indigenista, congregações de religiosos e religiosas, e da Procuradoria Geral da República (PGR) em Roraima, têm denunciado o “aumento assustador” de garimpeiros na Terra Indígena Yanomami (TIY).

“Mais de 20 mil garimpeiros e pessoas que dão suporte à atividade ilegal circulam nas terras e rios, intimidando, ameaçando, avançando, desmatando, poluindo, contagiando, violentando e matando”, assinalam.

O Conselho Indigenista Missionário revela que 2021 foi “extremamente trágico” para o povo Ianomâmi, principalmente a partir do mês de maio, “com ataques violentos à comunidade Palimiu, na região do rio Uraricoera”, ano em que o garimpo ilegal avançou 46% em comparação com o ano anterior; Este ano, têm novos relatos de fornecimento de armas de fogo aos indígenas, que “começam a se confrontar, gerando conflitos internos”.

A nota ‘Abraçamos o povo Ianomâmi em sua dor e angústia’ alerta para os impactos socioambientais da atividade garimpeira multiplicam-se e comprometem o acesso “ao ambiente adequado, à alimentação saudável e à água potável”, com a sua contaminação por mercúrio, por exemplo.

Os estudos indicam também que o garimpo (mineração furtiva) é responsável pela “desestruturação, aliciamento e abuso sexual” nas imediações das comunidades indígenas.

“Com urgência”, o Conselho Indigenista Missionário pede medidas de proteção ao povo Ianomâmi e ao seu território, que “não seja mais adiado o desenvolvimento e a retoma de estratégias de Proteção Territorial consistentes”.

O CIMI pede que parem sejam capazes de parar “operações regulares de desmantelamento” dos focos de garimpo e a manutenção das Bases de Proteção Etnoambientais nos locais estratégicos, que sejam recuperados os postos de saúde e pistas de voo comunitárias que, “hoje, se encontram sob controlo dos garimpeiros”, a “destruição total” da maquinas utilizadas na extração de ouro “com o objetivo de impedir a rápida retomada da exploração”, entres outras medidas, bem como as apresentadas no relatório da Hutukara Associação Ianomâmi (HAY).

A nota recorda que o novo arcebispo da Arquidiocese de Cuiabá, na homilia de despedida de Roraima, no dia 24 de abril, alertou para “a omissão e a responsabilidade do Governo Federal que incentiva as invasões e coloca na pauta do Congresso Nacional o projeto de lei que legaliza a mineração em terras indígenas”.

“Sofrem os povos indígenas, a natureza, os ribeirinhos e as cidades com os rios e os peixes envenenados pelo mercúrio, e sofrem também as pessoas iludidas que buscam no garimpo um modo de escapar das duras condições de vida no Brasil, mas encontram servidão, violência, drogas e morte. Deus nos livre dessa maldição!”, disse D. Mário Antônio da Silva.

CB/OC

Sínodo 2019: Exposição junto ao Vaticano alerta para consequências da mineração na Amazónia (c/fotos)

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Agência ECCLESIA

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