Brasil: «A agenda do diálogo vai ser fundamental» – Alex Villas Boas (c/vídeo)

Professor universitário destaca que a «saudável relação religiosa com a agenda ética tem um efeito positivo de fortalecimento democrático» e fala da importância da próxima eleição da presidência da CNBB

Lisboa, 02 jan 2023 (Ecclesia) – O professor Alex Villas Boas, da Faculdade de Teologia da Universidade Católica Portuguesa (UCP), afirma que “a agenda do diálogo vai ser fundamental” no Brasil, imagina “um novo capítulo” com o novo presidente e destacou a importância da “questão religiosa”.

“A questão religiosa também é importante, a eleição da próxima presidência da CNBB [Conferência Nacional dos Bispos do Brasi] vai ser importante nesse processo, para ser uma representação religiosa que fomente esse nós, que ajude a criar uma coerência”, disse o docente, em entrevista à Agência ECCLESIA.

Segundo Alex Villas Boas, natural do Brasil, há sempre grupos distintos, mas também existe “uma tradição forte de uma certa fraternidade episcopal”, e “há um histórico da CNBB como atuação social”.

“Não há vínculo direto a representação política mas por compromissos com uma agenda comum há uma tendência de corroborar com o diálogo”, acrescentou.

Para o professor da Faculdade de Teologia da UCP a reação que a população teve, “de um país dividido”, exige que o processo religioso tenha a “lisura de delimitar certas distâncias”, e assinalou que se pode ter um ideal comum mas o modo de construir “os feitos políticos, tem a suas distâncias respeitadas”.

Alex Villas Boas explica que num momento de uma democracia estabelecida “é mais fácil identificar o que compete a cada instituição”, neste sentido, uma “saudável relação religiosa com a agenda ética” tem um efeito positivo de fortalecimento democrático, e um saudável respeito democrático de um Estado laico “tem efeito positivo de permitir a liberdade religiosa atuar com a sua consciência ética”, uma confusão que Jair Bolsonaro, o presidente cessante do Brasil, promoveu e “precisa de ser desfeita”.

Foto EPA/Lusa, Brasília

“A CNBB tem condições de constituir essa tradição de fortalecer o Estado laico e a atuação religiosa com engajamento ético”, salientou o entrevistado, para quem a “agenda do diálogo vai ser fundamental” no Brasil, “essa criação de um nós”.

Luiz Inácio (Lula) da Silva tomou posse como o 39.º presidente do Brasil este domingo, dia 1 de janeiro de 2023, recebendo a tradicional passagem da faixa Presidencial por representantes da população do Brasil.

O professor universitário Alex Villas Boas, que espera que o novo momento no Brasil seja “um ano de boas surpresas”, destacou a “agenda bastante forte” de Lula da Silva nas questões sociais, e que “é possível” retomar a economia forte.

“Lula tem uma habilidade diplomática muito maior do que o Bolsonaro, que chegou a colocar o Brasil numa situação muito próxima do apartheid na África do Sul, nenhum país conversava com o Brasil; as manifestações de apoio, de efetiva consolidação do processo democrático, com a eleição do Lula por vários países já indicam abertura”, desenvolveu.

Neste contexto, exemplificou que há “uma necessidade muito forte na Europa de pensar energia alternativas” e ter o Brasil como parceiro ecológico “é muito importante”.

A partir da expressão “ninguém pode salvar-se sozinho”, do Papa Francisco, proclamada no contexto da pandemia Covid-19, em março de 2020, na Praça de São Pedro, e reafirmada na mensagem para o Dia Mundial da Paz 2023, comemorado no dia 1 de janeiro, e a construção de um “nós” é um desafio no Brasil, afirmou Alex Villas Boas, no Programa ECCLESIA, transmitido na RTP2.

PR/CB

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Agência ECCLESIA

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