Bragança-Miranda: «Revolução silenciosa»

D. José Cordeiro prefere chamar «revolução na continuidade» à reorganização das 326 paróquias da diocese em 33 unidades pastorais

Bragança, 25 out 2013 (Ecclesia) – D. José Cordeiro, bispo de Bragança-Miranda, está a fazer uma “revolução silenciosa” na diocese, reorganizando as comunidades do território em 33 unidades pastorais num processo que quer envolver todos os batizados.

“A diocese continua com as 326 paróquias e as 634 comunidades, mas agora articulada em 33 unidades pastorais e 25 já estão implementadas no terreno”, afirmou D. José Cordeiro à Agência ECCLESIA explicando as mudanças em curso no território.

A implementação das unidades pastorais representa a alteração do “paradigma pastoral”, deixando de estar baseado “única e exclusivamente no clero” para contar com o contributo de “todos os batizados”, refere o bispo diocesano.

“A grande mudança na concretização das unidades pastorais é o paradigma pastoral que não é assente, única e exclusivamente, no clero, mas em todos os batizados. Com esta quantidade de paróquias só temos 60 padres no ativo”, sublinha D. José Cordeiro.

O bispo da diocese revela que pensava encontrar mais resistência do clero a esta inovação mas apenas “houve reação aos hábitos adquiridos” porque era uma pastoral “muito centrada na figura do pároco”, assinala.

 “A maior dificuldade não foi a implementação das unidades pastorais porque esse estudo já estava realizado no ano 2000, mas a redução dos arciprestados”, uma reorganização que “foi mais dura”, refere D. José Cordeiro na entrevista publicada no semanário digital ECCLESIA desta quinta-feira.

Quando o bispo da diocese de Bragança-Miranda assumiu o ministério episcopal, a 2 de outubro de 2011, existiam 12 arciprestados que, com a reorganização, passaram a ser quatro.

A maior diocese do norte de Portugal, em termos territoriais, e com uma “população à volta das 137 mil pessoas” conta apenas com 60 sacerdotes no ativo.

O trabalho desenvolvido por D. José Cordeiro foi apelidado de uma «revolução silenciosa» algo que refuta porque não tem “pretensão nenhuma disso” e explica que apenas está a realizar uma “renovação na continuidade”.

“Estamos a potenciar ao máximo todos aqueles meios que nos conduzem a sermos uma só e mesma Igreja. Temos de percorrer o caminho da união e da paz para que haja esta consciência de Igreja”, afirma.

D. José Cordeiro visitou mais de 90 paróquias e mais de 300 comunidades, nos dois anos de ministério, e explica que “a liturgia começa a ser vivida e entendida como a melhor escola da fé”.

Mais do que uma religiosidade popular, o bispo considera que na diocese vivia-se uma piedade popular que “assenta nas raízes da fé e tem alguma relação com a liturgia”.

O envelhecimento do clero e da população, a migração e o “não nascimento” são realidades “preocupantes e alarmantes”, onde as vias de acesso também revelam uma interioridade que dificulta a missão de proximidade da Igreja.

“Assistimos também à fuga do capital humano e do grande potencial para outros pontos do país e para o estrangeiro. Este «boom» da emigração é semelhante aos anos 60 do século passado”, analisa D. José Cordeiro.

A edição desta quinta-feira do semanário digital ECCLESIA analisa o contexto social e religioso da diocese de Bragança-Miranda e adianta perspetivas para a dinamização da Igreja Católica na região, um tema que também é apresentado no programa 70×7 desde domingo, em emissão na RTP2 pouco depois das 11h00.

LFS/CB/PR

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Agência ECCLESIA

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