Braga: Ordenação de quatro novos sacerdotes é estímulo para contrariar «deficit» de vocações na região, diz arcebispo (c/fotos)

«São muitas as necessidades e todos temos de nos sentir comprometidos», alerta D. Jorge Ortiga

Foto Agência ECCLESIA/HM

Braga, 15 jul 2019 (Ecclesia) – O arcebispo de Braga ordenou este domingo quatro sacerdotes – três diocesanos e um da Companhia de Jesus – numa celebração solene que teve lugar na Cripta da Basílica do Sameiro.

Na homilia da Eucaristia, acompanhada pela Agência ECCLESIA, D. Jorge Ortiga sublinhou a importância destas ordenações num tempo marcado por muitos desafios para a Igreja e para as comunidades católicas.

A começar pela falta de vocações ou pela dificuldade em reforçar um clero que está cada vez mais reduzido e envelhecido, com “um deficit de cerca de 10 sacerdotes entre os que morrem e os que são ordenados”.

“São muitas as necessidades e todos temos de nos sentir comprometidos. Somos cada vez menos sacerdotes e as atividades pastorais são mais diversificadas e complexas. É importante que ninguém ignore esta realidade”, frisou o arcebispo bracarense.

De acordo com aquele responsável, atualmente a Arquidiocese de Braga conta com 372 sacerdotes, 340 deles a residir no território e 32 fora.

Existem ainda 7 sacerdotes provenientes de Angola e outros 15 de diversos Institutos Religiosos, que têm neste momento a seu cargo 35 paróquias bracarenses.

“Em termos de média etária, temos 119 sacerdotes com menos de 50 anos, 140 entre 50 e 75 anos e 116 com mais de 75 anos. A média etária em 2012 era 58,86 anos e hoje é de 65,31 anos”, descreveu D. Jorge Ortiga.

O arcebispo disse, no entanto, que este não é o momento para “cair em alarmismos” ou em “clima de desmotivação”, mas sim para “buscar novas soluções”.

“Não poderemos continuar na lógica de ter um padre por cada paróquia. Existem várias hipóteses a ponderar e todos, de um modo sinodal, terão de aportar as suas reflexões, criando um clima de mudança e fazendo tudo com serenidade e sentido positivo”, defendeu.

“Também os sacerdotes não poderão continuar com esquemas tradicionais. Somos menos e as forças físicas diminuem. Teremos de, com alegria e dedicação, encontrar caminhos que não dependem apenas do Arcebispo e dos órgãos diocesanos”, acrescentou D. Jorge Ortiga.

Em relação aos novos sacerdotes, três deles completaram o seu percurso formativo no Seminário Maior de Braga: Fernando Carneiro, de 29 anos, natural de Guilhofrei, Vieira do Minho; Tiago Varanda, de 35 anos, natural de S. Pedro de Penude, Lamego; e Vítor Hugo Silva, de 26 anos, natural de Fânzeres, Gondomar.

O outro sacerdote ordenado, o agora padre jesuíta João Manuel Silva, de 35 anos, é natural de Braga e integra a Companhia de Jesus desde 2008.

Foto Agência ECCLESIA/HM

Está atualmente radicado em Boston, nos Estados Unidos da América, para completar os seus estudos em Moral Pessoal.

Na hora de abordar este novo passo de vida, os quatro ordenados destacaram um momento há muito sonhado, e mostraram-se prontos para uma etapa que agora acarreta novas responsabilidades.

“Acho que a responsabilidade é um sentido que muitos jovens começam a perder e creio que é a parte fundamental da vida (…) a ordenação não é um fim, é o começo de uma vida de trabalho, de dedicação ao povo, às pessoas”, realçou o padre Victor Hugo Silva.

“Este caminho é o culminar de um processo de discernimento, já há oito anos que estou nesta caminhada, nesta decisão de caminho vocacional, e é um caminho de felicidade”, acrescentou o padre Fernando Carneiro.

Já o padre Tiago Varanda recorreu ao seu lema de ordenação, ‘Importa que Cristo cresça e que eu diminua’ para sublinhar a forma humilde como vai querer sempre entregar-se à vontade de Jesus.

“É Cristo que importa, não sou eu, é Cristo que importa que cresça no coração das pessoas e que seja ele o sentida da vida das pessoas, porque só ele salva”, apontou.

Este novo sacerdote, de 35 anos, tem a particularidade de ser cego desde muito jovem, devido a um glaucoma congénito que progressivamente lhe retirou a visão.

“É uma grande graça a Igreja poder acolher pessoas que visivelmente têm limitações mais notáveis, mas que apesar das dificuldades é possível também enfrentar os desafios do sacerdócio no nosso tempo”, sustentou.

Quanto ao novo padre jesuíta, João Manuel Silva, relevou a necessidade que as pessoas hoje têm de alguém que lhes mostre a proximidade e a atenção de Deus e da Igreja.

“Quero ser um padre bom, um padre que faça bem às pessoas, um padre que seja sinal da misericórdia de Deus (…) Um padre, mais do que ninguém, tem de ter esta função de ler, de escutar muito, de ouvir toda a gente, aqueles que acreditam, mas também os que não acreditam, porque é que se afastaram da Igreja, acho que isso é o grande desafio”, completou.

Neste domingo, a Arquidiocese de Braga procedeu ainda ao envio de um sacerdote e de uma leiga para a paróquia de Santa Cecília de Ocua, Diocese de Pemba, Moçambique, no âmbito de um protocolo de cooperação missionária que foi estabelecido entre as duas dioceses.

HM/JCP

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Agência ECCLESIA

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