Braga: Movimento dos Trabalhadores temem novas «situações de crise» no pós-pandemia

Despedimentos e lay-off levantam desafios, explica Fátima Pinto

Foto: Lusa

Braga, 28 abr 2020 (Ecclesia) – A coordenadora diocesana da Liga Operária Católica/Movimento dos Trabalhadores Cristãos (LOC/MTC) em Braga alerta que “muitos trabalhadores foram despedidos”, porque eram precários, outros estão em lay-off com “muitas incertezas”, apelando ao “reconhecimento” da “dignidade” dos trabalhadores.

“A angústia é notória, esta incerteza, este medo do que acontecer no futuro, mesmo quando a economia começar a arrancar em pleno as pessoas temem que as situações de crise voltem a instalar-se”, afirma Fátima Pinto, em entrevista que é emitida hoje no programa ECCLESIA, pela 22H45, na rádio Antena 1.

A responsável explica que os trabalhadores “estão com medo de uma nova crise” que chegará, ou não, mas têm “muito medo” chegar novamente ao fim do mês “e não receberem os seus salários e não poderem honrar os seus compromissos”.

“Temos conhecimento de muitos trabalhadores que foram despedidos, porque eram trabalhadores precários, sem qualquer tipo de direito, sem qualquer tipo de futuro, de saber se este vírus for embora poderão voltar ao trabalho. Depois há aqueles que vêm embora com o lay-off, com muitas incertezas. As pessoas não percebem muito bem os contextos e o seu futuro”, exemplificou.

Fátima Pinto adianta que se um patrão quiser “manter a empresa aberta, ninguém diz que não vai trabalhar” e o Movimento dos Trabalhadores Cristãos tem conhecimento de patrões que, apesar da pandemia de Covid-19, “decidiram manter a laboração e os trabalhadores andam a trabalhar, correndo todos os riscos”, como no setor têxtil e no do calçado.

“Algumas empresas têxteis fecharam e despediram trabalhadores, outras em lay-off, mas outras estão a trabalhar normalmente porque continuam a ter encomendas e vão honrá-las”, acrescenta.

Neste contexto, a coordenadora diocesana da LOC/MTC em Braga destaca que “era importante” a noção que numa empresa “todos são importantes” e, por isso, fosse “reconhecido o valor e a importância de cada um”-

“Todos juntos construímos coisas fabulosas. Se houvesse um reconhecimento do valor da dignidade de cada trabalhador seria muito mais fácil e muito melhor. Acredito até que se atingiriam objetivos muito mais facilmente”, realçou.

No pós-Covid-19, Fátima Pinto assinala que “é possível haver mudanças radicais” mas espera que “não venham todas a prejudicar e a acabar com os poucos direitos que os trabalhadores já têm”.

Espero que sejam criados espaços para que as famílias se encontrem, que o domingo deixe de ser um dia quase normal de trabalho, que seja um dia para as famílias estarem juntas, as crianças com os pais e os pais conviver com os filhos. Às vezes, a gente olha para este caos que o mundo ficou com o vírus e a verdade é que nos veio remeter para o nosso cantinho e pôs a pensar que se calhar temos de ser mais solidários”.

A coordenadora diocesana da LOC/MTC explica que este organismo da Igreja Católica assume uma missão de “denúncia, alerta, de chamar a atenção” e lembra que defendem um “salário universal”, como o Papa Francisco recentemente defendeu.

Liga Operária Católica/Movimento de Trabalhadores Cristãos foi fundada 10 de junho de 1974 e tem como método original a revisão de vida “Ver – Julgar – Agir”.

LS/CB/OC

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Agência ECCLESIA

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