O Minho é um lugar especial. Aqueles que já tiveram o privilégio de permanecer neste solo molhado de verde e vestido de tradição sabem disso. Desde Braga até Viana do Castelo, passando por Ponte de Lima ou Ponte da Barca, com escala inevitável em S. João d’Arga ou Porto d’Ave, o território exprime uma identidade viva, consubstanciada na romaria anual. Há uma forma peculiar de celebrar preconizada fundamentalmente no sentir e viver das suas gentes. Na Arquidiocese de Braga, que ocupa uma parte significativa deste território, o verão é o momento oportuno para as suas festas e romarias, que ocorrem às centenas por todos os lugares e oragos. A mais antiga romagem registada é na Senhora da Abadia, no entanto, aquela que recebe mais gente é indubitavelmente o São Bento da Porta Aberta, mas a última de todas ocorre em Taíde, mais propriamente no santuário de Porto d’Ave.
Nossa Senhora da Abadia
O santuário localizado a meia encosta, no concelho de Amares, é considerado o mais antigo existente em Portugal. As suas origens remontam à Idade Média e estão relacionadas com o vizinho Mosteiro de Santa Maria de Bouro, onde os monges de Cister difundiram, com especial vigor a devoção mariana. Localizado no caminho para São Bento da Porta Aberta, o santuário vive a sua peregrinação anual no último domingo de maio, no entanto a sua grande romaria sucede a 15 de agosto, festa litúrgica de Nossa Senhora da Abadia, que seria estendida a toda a Arquidiocese de Braga.
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São Bento da Porta Aberta
Encurralado entre as franjas rendilhadas do Gerês e inundado pelas águas abundantes da Caniçada, ergue-se um dos maiores fenómenos religiosos de Portugal. O santuário de S. Bento da Porta Aberta é o segundo maior santuário português, por aqui passando anualmente cerca de dois milhões de peregrinos, buscando junto do padroeiro da Europa, o consolo para as suas dores e dificuldades, e uma graça particularmente devotada. As principais romarias ao santuário realizam-se a 20 e 21 de março (celebra-se a morte de S. Bento); 10 e 11 de julho (dia da Festa litúrgica de S. Bento), mas principalmente entre 10 e 15 de agosto de cada ano. Estes são os dias de festa da maior romaria do santuário. Nesta altura, o santuário é inundado de emigrantes, mas também de peregrinos que aproveitam o período de férias para cumprir a devoção.
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Nossa Senhora do Porto d’Ave
Localizado em Taíde, Póvoa de Lanhoso, o santuário de Nossa Senhora de Porto d’Ave replica o modelo do com uma escadaria pontilhada de capelas, nas quais são evocados os mistérios marianos, no entanto invertida relativamente aos demais sacro-montes. Aqui o templo principal encontra-se no lugar mais baixo da colina, iniciando-se o percurso no ponto de maior elevação. A sua grande romaria decorre no início de setembro, próxima da festa da Natividade de Nossa Senhora, e é conhecida como a romaria dos bifes e melões, devido aos costumes gastronómicos dos romeiros que por aqui abundam. É uma das últimas romarias entre as centenas que ocorrem por todo o território da Arquidiocese de Braga durante o verão.
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Rui Ferreira
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Este artigo faz parte da Edição especial da Agência ECCLESIA “Festas da nossa Terra” publicada em agosto 2022