Braga da Cruz acusa Governo de não reconhecer valor da UCP

Abertura solene das aulas no Centro Regional de Braga O reitor da Universidade Católica Portuguesa (UCP), Manuel Braga da Cruz, teceu ontem duras críticas à forma como o Governo tem vindo a cortar os poucos subsídios que ainda atribui àquela instituição de ensino superior, numa altura em que a universidade assinala 40 anos de actividade e conseguiu, este ano, a sua maior distinção internacional e sempre. O catedrático, que falava na cerimónia de abertura solene das aulas do Centro Regional de Braga, não deixou de salientar que o Estado português, comparativamente com o que acontece com outros Estados europeus no relacionamento com universidades católicas, «maltrata » a UCP. «Surpreende-nos que um subsídio que era atribuído desde meados da década de 70 à UCP, que já tinha sido retirado em boa parte em 2000, tenha sido agora totalmente suprimido, segundo as informações que dispomos», afirmou Braga da Cruz ao Diário do Minho no final da cerimónia. Ora, o reitor da “Católica” destacou que tudo isto acontece «não apenas num ano em que a universidade completa 40 anos mas, sobretudo, num ano em que a UCP recebeu o reconhecimento internacional mais elevado que até hoje teve, que foi o de ter colocado a sua Escola de Negócios (Business School), de Lisboa, no ranking do “Financial Times”, entre as 50 melhores do mundo». Na sua intervenção na cerimónia o catedrático lembrou que o Governo de José Sócrates colocou entre os seus objectivos criar em Portugal uma Business School e colocá- -la «entre as 100 melhores do mundo», para destacar que a UCP conseguiu colocar a sua escola nas 50 melhores. «Considero que merecíamos um gesto de apreço, de simpatia e não este gesto – que não pode ser entendido de outra forma – de desatenção e de menor consideração para com a universidade», frisou Braga da Cruz. Perante uma plateia que encheu o salão de actos da Faculdade de Teologia – uma bela antiga capela do edifício que já foi Seminário Maior – o reitor da UCP disse não compreender como é que o Governo, perante os resultados alcançados pela universidade que preside, «em vez de premiar e estimular, castiga desta forma inexorável». E justificou a abordagem deste tema porque «quem não se sente não é filho de boa gente». O Estado da Europa que pior trata uma “Católica” À margem da cerimónia, que esteve centrada na acção e pensamento do Arcebispo emérito de Braga, D. Eurico Dias Nogueira, para com a UCP, Braga da Cruz defendeu que, apesar do actual corte decretado pelo Governo socialista, «futuramente, este subsídio tem de ser repensado e reposto, até porque a UCP, no contexto europeu, é a que pior é tratada do ponto de vista financeiro pelo Estado». O reitor indicou, de seguida, que «há muitos países da Europa onde as universidades católicas são financiadas exactamente como as universidades públicas, como são os casos da Bélgica, Holanda, Alemanha, Polónia e Hungria». Mesmo naqueles países onde esse tratamento não acontece – como é o caso da Itália e França –, Braga da Cruz sustenta que «pelo menos 30 por cento do orçamento dessas universidades católicas é suportado pelo Estado». «Em Portugal estamos reduzidos quase a zero», lamentou o reitor da universidade. Por isso,diz esperar «que o bom-senso venha a prevalecer e que a UCP, que tão importante papel tem desempenhado na sociedade portuguesa, venha a ser dignamente apoiada pelo Estado, no futuro». Centro Regional de Braga elogiado pela qualidade Manuel Braga da Cruz elogiou o trabalho «de qualidade» desenvolvido pelos responsáveis do Centro Regional de Braga da UCP, concretamente o presidente da comissão instaladora e os directores das três faculdades, indicando que sucedem a figuras deste distrito tão importantes na história da universidade como foram os cardeais D. Manuel Gonçalves Cerejeira e D. António Ribeiro. Apesar dos cortes nos subsídios que o Governo decretou, o reitor da UCP exortou os responsáveis bracarenses a «continuar a pugnar pela qualidade do serviço» que este Centro Regional presta à sociedade portuguesa. «Não é esta contrariedade que nos vai desanimar», destacou. Braga da Cruz – também ele com antepassados que ocuparam lugares de destaque na “Católica” – alertou para o facto do subsídio não pago pelo Executivo de José Sócrates fazer perigar um princípio seguido, desde sempre, pela UCP. «Lamentamos não poder continuar a defender um princípio que sempre foi nosso: de que ninguém deixava de estudar na UCP por ausência de meios económicos», frisou o reitor. Sem este apoio estatal, «dificilmente vamos poder continuar a manter este princípio, mas vamos fazer os possíveis para que todos aqueles que procuram a UCP a possam frequentar independentemente da sua condição económica», acrescentou o catedrático. Não demonstrando qualquer esperança nas actuais políticas, Braga da Cruz rematou dizendo que vai «esperar que um dia o Estado, através do Governo, venha a repensar a sua posição e passe a apoiar a UCP como ela merece».

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