«Se há uma lição que aprendemos neste tempo de crise é que somos interdependentes e que os relacionamentos ou laços humanos são o bem mais precioso e decisivo», disse bispo auxiliar, na Missa de São João
Braga, 24 jun 2021 (Ecclesia) – D. Nuno Almeida, bispo auxiliar de Braga, afirmou hoje que “combater as desigualdades e promover a cultura do bem comum” é o primeiro dever como cidadãos e como crentes, falando na homilia da Solenidade de São João Batista.
“Para além das ações institucionais, importantíssimas, necessárias e tão meritórias das Instituições de Solidariedade, dos Serviços Públicos e Privados, neste tempo de pandemia redescobrimos a importância das pequenas ações, que cada um, cada família, cada pequeno grupo de um movimento, a associação de um bairro, ou a nossa paróquia podem realizar”, disse na Missa campal a que presidiu no Parque de São João da Ponte.
D. Nuno Almeida assinalou que a pandemia de Covid-19 “acelerou” uma mudança de época que já estava em andamento e questionou como será possível “semear esperança e alegria”.
“Antes de mais, não cedendo à lógica do mundo egoísta e violento que matou João Batista, mas cuidar do humano. Não mundanos, mas muito mais humanos, tudo isto nos ensina João Batista, desafiando-nos a crescer, a fomentar, a promover, juntos e por todos os meios, a ‘humanitude’”, desenvolveu na celebração transmitida online.
O bispo auxiliar de Braga explicou que é tempo de agir e, a partir do exemplo dos cuidados sanitários de desinfeção usados na pandeia, incentivou a que se aprenda que “é preciso desinfetar sempre o egoísmo, sempre, e todas as formas de exclusão”.
“Se há uma lição que aprendemos neste tempo de crise é que somos interdependentes e que os relacionamentos ou laços humanos são o bem mais precioso e decisivo que temos, muito mais do que a conta bancária, os bens materiais, os cursos”, acrescentou.
Neste contexto, citou as palavras “incisivas” de Chiara Lubich, fundadora do Movimentos dos Focolares, – ‘ser o Amor para encontrar o fio de ouro que liga todos os seres’ –, isto é, o cuidado do outro, da natureza e das coisas, que “antes de ser um dever, uma atividade, um programa político”, é um modo de ser que dá coração e olhos novos.
“E é simples esta mudança, está no Evangelho: Do eu individualista – tendencialmente fratricida, vê o outro como coisa a usar, como meio, como rival a queimar -, é preciso passar ao eu inclusivo e hospitaleiro”, realçou o responsável, lembrando a encíclica ‘Fratelli tutti’, do Papa Francisco.
D. Nuno Almeida, a partir de um estudo da Universidade Católica divulgado esta semana, destacou que a pandemia “agravou as desigualdades”, algo que se constatava diariamente, e “atirou 400 mil portugueses para baixo do limiar da pobreza”, mas “não impediu a concentração de riqueza nas mãos de elites”.
O bispo auxiliar de Braga destacou também que são “alarmantes” os números da violência doméstica, que “quase duplicam em todo o mundo”.
Na Solenidade de São João Batista, D. Nuno Almeida referiu que também precisam “da alegria da festa” e que hoje, no século XXI, não tem “grande importância” distinguir entre sagrado e profano, pagão e cristão e “muito menos fazer polémica”.
CB/OC