Braga aposta na formação de catequistas nos arciprestados

O Arcebispo de Braga, D. Jorge Ortiga, desafia os catequistas a criar «a mentalidade de que os pais caminham com os filhos no encontro com Cristo». Num documento elaborado a propósito do Dia Diocesano do Catequista, o prelado lembra que a Diocese está a começar «um triénio na pastoral familiar. Os pais são os educadores dos filhos e compete-lhes a sua iniciação cristã. Os catequistas completam, duma maneira subsidiária, o trabalho dos pais. Daí que não pode haver catequese sem a envolvência dos pais». «Não será possível elaborar, em paralelo e simultâneo, actividades que proporcionem aos pais uma espécie de catequese de adultos»? Segundo D. Jorge Ortiga, «o Ano da Eucaristia poderia fazer com que os pais readquirissem a alegria de participar nas celebrações com os filhos». Por outro lado, os catequistas devem aproveitar «todos os momentos para festas familiares, onde os pais participem activamente. Com os filhos estamos a propor um modelo de vida familiar. Durante o ano muita ocasião pode e deve ser aproveitada para estas celebrações familiares». No documento, o prelado refere que «importa incrementar o espírito diocesano de comunhão entre catequistas que se conhecem, entreajudam e caminham em dinâmica comunitária ». «A dignidade da vocação exige correspondência festiva em termos pessoais e numa atitude de unidade com os restantes catequistas da comunidade, o arciprestado ou zona e, particularmente, a Arquidiocese». D. Jorge Ortiga espera que os catequistas aproveitem todos os momentos para lançar o apelo de Deus e pede-lhes «um empenho particular» em termos de formação. «Aos Conselhos Económicos peço que invistam nesta tarefa prioritária e que a considerem merecedora de investimentos estruturais e de formação». Caminhar com os filhos Incentivar a formação dos catequistas nos arciprestados. Esta é, segundo o coordenador do Departamento Arquidiocesano de Braga da Catequese, padre Luís Miguel Rodrigues, a grande prioridade do Departamento para o ano catequético que agora está a principiar. «Havendo necessidade de mais formação, pensou- -se que o ideal era ela ser feita o mais perto possível da residência das pessoas», defendeu ontem o responsável, à margem do Dia Diocesano do Catequista, que decorreu no Sameiro e que envolveu cerca de três mil catequistas. «É mais fácil fazer deslocar os formadores, que os formandos». Nos vários locais da Diocese vão realizar-se cursos de iniciação. «Se os arciprestados tiverem capacidade de organização», podem também realizar-se cursos gerais, disse o responsável. Segundo o coordenador do Departamento Arquidiocesano da Catequese, a «falta de formação de catequistas» é uma das razões para o facto de nalguns arciprestados a catequese até ao 10.º ano ainda não estar organizada. No âmbito do Dia Diocesano do Catequista, o padre Luís Miguel Rodrigues deu a conhecer o manual “Catequistas Século XXI”, um «livro de leitura pessoal» com material formativo relacionado com os cursos de Iniciação e Geral de Catequese. O sacerdote focou também o Curso Teológico-Pastoral como «outra possibilidade de formação». O curso não exige escolaridade mínima e vai continuar este ano em Braga, Guimarães e Vila do Conde/Póvoa de Varzim e principiar em Vila Nova de Famalicão. O padre Luís Miguel Rodrigues revelou que «este ano há quatro centros de estágio de catequese», sendo três no arciprestado de Barcelos e um no de Braga. Para o responsável a principal exigência que se coloca a um catequista é a necessidade de uma «vivência espiritual séria». Por outro lado, a principal dificuldade passa pelo «reconhecimento da sua importância e missão pelas comunidades». De acordo com o padre Luís Miguel Rodrigues, «as vias normais de transmissão da fé perderam vigor. Antes podíamos contar com todas as famílias e com o ambiente social, que educavam na fé. Hoje não». «Esta crise de transmissão da fé radica sobretudo na falta de fé no Senhor e numa insuficiente adesão à verdade e ao conhecimento de Jesus Cristo». «Quando dizemos que a família não faz o despertar religioso, têm que ser as comunidades e catequistas a fazê-lo. Por isso o catequista tem que ser competente». «Não vamos dizer mal das famílias na catequese. Vamos trabalhar este assunto com a família. O despertar religioso deve ser feito pela comunidade. É lá que se joga a formação cristã». Os objectivos do despertar religioso passam por «lançar os primeiros fundamentos da vida espiritual», por «uma primeira vontade de aderir a Jesus Cristo», por «um primeiro sentido de conversão», por «invocar Deus na oração» e por «uma primeira experiência de vida da comunidade e do espírito cristão». Em termos de características de uma catequese que assume a tarefa do despertar religioso, o sacerdote disse que ela deve procurar a conversão, apresentar a mensagem de Jesus Cristo em sintonia com a vivência dos destinatários, retirar os anti-corpos que muitas vezes já existem nas crianças e apresentar uma resposta positiva e coerente. Por outro lado, ela deve ser «comprometida. Não podemos apresentar Jesus Cristo como estranhos que vão dar uma sessão de catequese e não se comprometem nas causas da comunidade». O padre Luís Miguel Rodrigues referiu ainda que algumas pessoas andam na catequese até ao 10.º ano quase por “obrigação”. Colocar o homem no lugar de Deus A propósito da realidade actual, o coordenador do Departamento Arquidiocesano de Braga da Catequese, padre Luís Miguel Rodrigues, lembrou, baseando-se nalgumas ideias deixadas por João Paulo II, que se coloca «o homem no lugar de Deus», o que fez aparecer «uma nova cultura. Não vivemos numa cultura cristã, mas numa cultura agnóstica e pagã». Na opinião do coordenador do Departamento Arquidiocesano da Catequese, «é preciso tirar as escamas dos olhos e ver o mundo como ele é». O padre Luís Miguel Rodrigues referiu, ontem, que existe uma «dificuldade na integração da mensagem evangélica na experiência diária». «É mais fácil dizer-se e definir-se como agnóstico» e «o normal é não crer acreditar, o que faz com que haja um agnosticismo prático e um indiferentismo religioso. Não há um substrato espiritual significativo para a vida», acrescentou. Citando João Paulo II, o sacerdote falou ainda na «fragmentação da existência – somos cristãos, mas a nossa fé não orienta toda a vida» –, na «fragmentação da verdade», na «religião da emoção» e na «secularização interna».

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