Padre da Arquidiocese de Braga celebrou os 50 anos de ordenação sacerdotal em São João do Campo, no Gerês
Terras de Bouro, 25 mar 2023 (Ecclesia) – O cónego João Aguiar Campos, que celebra hoje 50 anos de ordenação sacerdotal, disse à Agência ECCLESIA que gostaria de ser um “místico de cada dia” e deseja ser recordado como quem fez “alguma coisa de bem” para alguém.
Em entrevista no Gerês, antes da celebração que assinalou as bodas de ouro sacerdotais, o padre João Aguiar Campos afirmou, “humildemente”, ter sido “mel para alguém” e possibilidade do bom e do belo para algumas pessoas.
“Humildemente sinto. Sinto como? Escrevem-me isso num abraço, num olhar, num tom de voz que diz: muito obrigado. E isso é saber que, nalgum momento, alguma coisa de bem eu fiz para alguém”, afirmou o sacerdote.
Se me quiserem fazer algum elogio – ainda não o mereço – seria dizer-me: o padre João, sendo um padre secular, tornou-se num místico do cada dia. Um espantado místico de cada dia”.
A celebração dos 50 anos de ordenação sacerdotal decorreu na Igreja Paroquial de São João do Campo, sua terra natal, numa missa presidida pelo arcebispo de Braga, sendo a homilia proferida pelo padre João Aguiar Campos.
“Eu nasci sacerdotalmente em São João do Campo, cresci em São João do Campo e mesmo quando não vivi em São João do Campo, São João do Campo viveu sempre comigo”, afirmou.
O padre João Aguiar Campos disse que “seria ingrato” não assinalar os 50 anos de sacerdócio na terra onde nasceu e onde tem por referência os espaços dos seus pais e dos seus antepassados.
“É a minha gente. Eu sei o nome dos caminhos, eu quase sabia o nome das galinhas ou do nome do boi ou da vaca a atravessar as ruas. Sei as casas que estão habitadas e as que hoje estão vazias eu encho-as com a memória de quem lá esteve”.
Na homilia da missa, no dia em que a liturgia católica assinalava a solenidade da Anunciação do Senhor, o padre João Aguiar comentou o texto do Evangelho que recordava a anunciação do Anjo e afirmou que o “faça-se” de Maria é uma “decisão que vai acontecendo” e, perante a surpresa dos pedidos de Deus, enfrenta-se “o grande desafio da aceitação”, apesar do possível “chorrilho avantajado de perguntas”.
“Fui combatendo as minhas dúvidas, matando as minhas dúvidas”, afirmou o padre João Aguiar na homilia da celebração.
Para o antigo diretor do Secretariado Nacional das Comunicações Socais o “desafio é aceitar o dom” que é proposto a cada um, em qualquer fase da vida.
“Seja! Os dias que faltam, com mais arguiços ou não, seja o que Deus quiser”, afirmou.
Para o arcebispo de Braga, o cónego João Aguiar “é um grande mestre e um testemunho eloquente”: “Escreve como respira”.
“Nos seus textos nós respiramos Cristo”, afirmou D. José Cordeiro na celebração dos 50 anos de ordenação sacerdotal.
João Aguiar Campos nasceu no ano 1949 em S. João do Campo, Terras de Bouro (Braga); foi ordenado padre no dia 25 de março de 1973 e, entre 1974 e 1976 frequentou o curso de Ciências da Informação na Universidade de Navarra, Espanha.
Em 1976 começou a trabalhar no ‘Diário do Minho’, da Arquidiocese de Braga, onde foi diretor entre 1997 e 2005; em 1981 iniciou funções na Rádio Renascença, tendo ocupado a presidência do Conselho de Gerência da emissora católica portuguesa entre 2005 e 2016
Em 2011, foi nomeado diretor do Secretariado Nacional das Comunicações Sociais, cargo que ocupou até abril de 2016.
O cónego João Aguiar Campos tem como obras publicadas “Circunstâncias” (2016), “Rio abaixo” (2017), “Descalço também se caminha” (2019), “Morri ontem” (2019), “Fragmentos” (2020), “InTemporal” (2021), “Flores de Feno” (2021) e “Cochichos” (2023).
A 5 de maio de 2016, o SNCS entregou-lhe de forma honorífica o prémio de jornalismo ‘D. Manuel Falcão’, juntamente com o cónego António Rego.
LFS/PR