Bispos franceses admitem reconciliação com lefebvrianos

Os Bispos católicos da França manifestaram hoje o seu apoio ao Cardeal Jean-Pierre Ricard, presidente do episcopado, na tentativa de conduzir uma reconciliação com os lefebvrianos, “na verdade e na caridade”. No final da assembleia de Outono da Conferência Episcopal Francesa (CEF), os participantes sublinharam ainda que esperam da parte dos seguidores de Marcel Lefebvre um “gesto inequívoco” de obediência à Igreja dos nossos dias. Numa mensagem dirigida ao presidente da CEF, 110 Bispos franceses manifestam a sua “confiança fraterna” ao Cardeal Ricard e asseguram à Santa Sé a vontade dos prelados católicos da França de “trabalhar para a reconciliação na verdade e na caridade” com todos os que permanecem “ligados a formas litúrgicas” anteriores ao Concílio Vaticano II. Como a mensagem lembra, a história francesa tem muita complexidade, nesta matéria, e não se limita à questão litúrgica. O próprio Cardeal Ricard, no final da assembleia da CEF, referiu hoje que “os diferendos com os fiéis que seguiram Mons. Lefebvre no seu ‘não’ a Roma não são litúrgicos, em primeiro lugar, mas teológicos: em volta da liberdade religiosa, do ecumenismo e do diálogo inter-religioso”. No início desta semana, o Cardeal Jean-Pierre Ricard, assegurou que o Papa ainda não assinou o “motu proprio” (decreto pessoal) a respeito do projecto de aprovação universal do uso do Missal de São Pio V (com a Missa em Latim), desmentindo assim algumas notícias que davam este facto como consumado. A Comissão Ecclesia Dei, de que o Cardeal Ricard faz parte, ainda se vai pronunciar sobre o tema. A “Ecclesia Dei” é uma comissão que tem objectivo “facilitar a plena comunhão eclesial” dos fiéis ligados à Fraternidade fundada por Monsenhor Lefebvre, “conservando as suas tradições espirituais e litúrgicas”, em especial o uso do Missal Romano segundo a edição típica de 1962. O Missal de São Pio V, que a Igreja Católica usava até essa data, foi substituído pela liturgia do “Novus Ordo” (Novo Ordinário) aprovada como resultado da reforma litúrgica do Concílio Vaticano II. Contém a Missa celebrada em latim segundo a antiga tradição, e actualmente só pode ser celebrada com permissão do Bispo local. A aprovação universal significaria que a Missa do antigo rito poderá ser celebrada livremente em todo mundo, pelos sacerdotes que assim o desejarem. Este poderia ser um passo importante para resolver o cisma lefebvriano, pois a possibilidade de celebrar livremente a Missa de São Pio V é um dos pontos de tensão nesta questão. No passado mês de Março, Bento XVI confirmou, perante os Cardeais de todo o mundo, a sua preocupação pela reconciliação com a Fraternidade São Pio X, fundada pelo Arcebispo Lefebvre. O Papa poderia levantar a excomunhão de João Paulo II, datada de 1988, contra os Bispos da Fraternidade e fazer assinar um projecto, que instituiria para a Fraternidade uma “administração apostólica”, dependente directamente do Papa.

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