A situação na República Democrática do Congo é cada vez mais delicada e os bispos católicos do país publicaram um comunicado para se manifestarem contra o que consideram ser um processo de “balcanização”. A Conferência Episcopal denuncia a presença de tropas ruandesas em território congolês e o regresso dos combates, que provocam a migração da população, criando assim uma nova e grave crise humanitária. O documento intitula-se “A Nação está em perigo. Povo congolês, mobiliza-te”, e é assinado pelo Presidente da Conferência Episcopal Congolesa, D. Laurent Monsengwo Pasinya, Arcebispo de Kisangani. Os bispos referem-se à tensão na província do Norte, Kivu. No final de Novembro, representantes do governo de Ruanda ameaçaram com uma intervenção militar, além-fronteiras, para enfrentar grupos rebeldes ruandeses que estariam preparando novos ataques. “Constatamos com indignação, que cada vez que o Congo progride rumo à paz, forças visíveis e invisíveis tentam bloquear o caminho de crescimento em direcção a um Estado forte e próspero”, aponta o comunicado episcopal. No texto, os prelados recomendam que os países vizinhos compreendam que “as boas relações diplomáticas, a paz e o desenvolvimento são preferíveis a uma guerra inútil”. O Ruanda invadiu a República Democrática do Congo em 1996 e entre 1998 e 2002, alegando sempre a presença naquele país de membros das antigas Forças Armadas Ruandesas e milicianos hutus, responsáveis pelo genocídio de 1994, que provocou a morte a 800 mil tutsis e hutus moderados. O comunicado dos bispos exige à comunidade internacional que assuma as suas responsabilidades, “sancionando de maneira exemplar aqueles que semeiam o terror e violam deliberadamente os acordos internacionais”. A República Democrática do Congo afirma-se como o palco da mais sangrenta guerra desde 1945 até hoje. Segundo a International Rescue Commitee, uma organização não-governamental com sede em Nova Iorque, 3 milhões e 800 mil pessoas morreram na RDC nos últimos seis anos, por causa da guerra e da destruição que esta provoca.
