Bispos da Guiné-Bissau apelam à estabilidade política e democrática

Mensagem de Natal denuncia persistência da pobreza no país

Os bispos da Guiné-Bissau consideram que o país dificilmente obterá uma paz duradoura enquanto não forem resolvidas as carências sociais que afectam uma parte significativa da população, nomeadamente ao nível da saúde e das vias de comunicação terrestres.

A mensagem de Natal do episcopado guineense retoma as preocupações da 2.ª Assembleia Especial para a África do Sínodo dos Bispos, realizada em Outubro. O encontro, que ocorreu no Vaticano, apontou “três problemas maiores” do continente, “que o são também da Guiné-Bissau: a Reconciliação, a Justiça e a Paz”.

O documento começa por destacar a evolução política e social. Os bispos saúdam a eleição democrática para os principais órgãos de soberania nacionais, bem como a estabilidade política da nação. Os prelados assinalam igualmente a construção de algumas infra-estruturas viárias e “a divulgação dos telemóveis, com tanta influência na comunicação entre todos os guineenses”.

Entre os “aspectos negativos a reclamarem urgente atenção” referem-se “a maneira violenta como se pretende resolver algumas questões”, “a não assumpção plena do espírito democrático”, “a indiferença quase total dos cidadãos pelo bem comum” e “a persistência da pobreza real na maior parte da população”.

Os prelados consideram que o país deve “passar das palavras bonitas para as acções concretas nos domínios da Reconciliação, da Justiça e da Paz”.

Para o episcopado, o apaziguamento entre a população “irá exigir um certo tempo”, dado que “esta será a maneira segura e fiável de deixar para trás definitivamente um estilo de vida comprovadamente negativo e podermos avançar para uma nova etapa social, onde a solidariedade e a fraternidade se sobreponham à violência e às ambições individuais ou familiares”.

No domínio da Justiça, o documento pretende a criação de condições “para que o exercício deste nobre serviço possa ser mais célere e mereça a confiança de todos os cidadãos, a começar pelos menos protegidos da fortuna e dos bens materiais”. Todos “devem poder dormir tranquilos porque a ninguém será permitido fazer justiça pelas próprias mãos ou pela violência das armas”, refere o texto.

A paz, por seu lado, só poderá ser conseguida quando “for acompanhada do desenvolvimento integral (material e espiritual) e sobretudo do Amor”.

Os votos de “Boas-Festas de Natal” dos bispos da Guiné não são acompanhados por “nenhuma oferta material ou financeira”. Os presentes, observa a mensagem, são oferecidos “silenciosamente, em cada dia que passa, por todos os membros da nossa Igreja que trabalham nos campos do Ensino ou da Saúde e em variados projectos de promoção humana”.

Partilhar:
plugins premium WordPress
Scroll to Top