Bispos apelam a «consensos»

Cardeal-patriarca diz que o interesse do país deve estar «à frente de tudo»

Fátima, Santarém, 11 abr 2013 (Ecclesia) – A Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) apelou hoje à criação de “consensos básicos” na sociedade perante a crise que atinge o país, lembrando as circunstâncias “especiais” da situação económica e social.

“Os bispos apelam aos nossos governantes e a todos os responsáveis políticos e sociais para que tenham muito em conta as circunstâncias especiais da crise que atravessamos, quer pela grande dependência externa quer pela profunda mudança política e económica do mundo em geral”, assinala o comunicado final da assembleia plenária da CEP, que se iniciou na segunda-feira.

D. José Policarpo, presidente do organismo máximo do episcopado, disse aos jornalistas que se vivem “momentos absolutamente excecionais” e sustentou que “numa crise como a que Portugal atravessa, todos os intervenientes deviam ser capazes de pôr o interesse de Portugal à frente de tudo”.

“Há uma coisa que nós temos muito a peito e que nos últimos tempos tem sido posta em questão, que é o primado da comunidade e do bem comum sobre outros interesses”, acrescentou.

O cardeal-patriarca de Lisboa admitiu que têm sido apresentadas alternativas “ideológicas, partidárias” que “não são credíveis”, mas disse que o desafio de convergência não é só para “as oposições” e deve questionar também quem governa.

“Não creio que isso tenha sido feito nos últimos tempos”, alertou.

Para D. José Policarpo, as “grandes soluções” para o país têm de ser debatidas num “âmbito muito mais vasto de intervenientes da sociedade”.

“Enquanto as soluções de Portugal forem vistas na dialética de deitar governos abaixo, de se candidatar a novos governos, dos interesses partidários, não vamos longe”, realçou o presidente da CEP.

O organismo máximo do episcopado católico assinalou, em comunicado, que a situação do país requer “grande disponibilidade para superar divergências legítimas e encontrar consensos básicos, dando prioridade ao bem comum da sociedade, com particular atenção aos mais pobres e aos desempregados”.

A mensagem manifesta sentimentos de “solidariedade e compromisso com todos os portugueses”, bem como “a certeza duma presença eclesial ativa na resposta aos graves problemas que a todos afetam”.

Os bispos “manifestam a sua proximidade junto dos que encontram mais dificuldade em viver dignamente, por si e pelas suas famílias”.

O comunicado final evoca ainda os 50 anos da publicação da encíclica ‘Pacem in terris’ (Paz na terra), de João XXIII, a 11 de abril de 1963, sobre a paz na comunidade internacional.

“Foi um gesto profético que teve grande aceitação, realizado pelo Papa que convocou o Concílio Vaticano II, o maior acontecimento eclesial do século XX. Mais do que olharmos para o passado, esta efeméride é ocasião para apelar à urgência da paz nos conflitos e guerras em diversos países do mundo e para recordar a importância do conhecimento e prática da doutrina social da Igreja”, refere a CEP.

OC

Notícia atualizada às 15h30

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