Bispos animam Cursos de Cristandade

Fátima acolheu milhares de membros deste movimento, nascido há mais de 60 anos, em peregrinação europeia Milhares de pessoas estiveram no passado fim-de-semana em Fátima para o encontro europeu dos Cursilhos de Cristandade, movimento que pretende ajudar os cristãos no aprofundamento da fé. Na Eucaristia conclusiva, celebrada no recinto do Santuário, D. João Alves falou da “missão de evangelização” dos membros deste Movimento, que convidou “ir ao encontro dos que não conhecem, ou se esqueceram da fé”. O Bispo emérito de Coimbra pediu uma aposta forte na formação dos seus membros, para que melhor possam testemunhar e “anunciar Jesus Cristo”. Sábado, em Fátima, D. José Policarpo referiu-se ao trabalho dos Cursos de Cristandade, os quais “propõem uma pedagogia e sugerem uma espiritualidade, ambas marcadas pela decisão corajosa de travar esta luta pela vida”. “Propõem decisões corajosas e radicais de conversão, numa luta que quer o triunfo da graça, o triunfo de Jesus Cristo, ou melhor, que quer que o triunfo de Jesus Cristo seja o nosso triunfo, na certeza confiante de que, com Ele, podemos vencer essa luta”, apontou o Cardeal-Patriarca de Lisboa. Na sua homilia, deixou votos de que “as vossas ressonâncias sejam sempre ressonância do coração de Deus”. “É que se não escutarmos a Sua Palavra, a nossa caminhada será conduzida só com critérios humanos, e esses não garantem que a vitória de Jesus Cristo seja a nossa vitória”, indicou. “Neste Ano Paulino, em que a Igreja se vai reunir em Sínodo para reflectir sobre os caminhos da Palavra de Deus na Igreja, os Cursos de Cristandade, fiéis à sua graça própria, têm de dar esta prioridade absoluta à escuta da Palavra de Deus”, precisou. D. José Policarpo falou da Igreja como “um Povo em combate”, frisando que a mesa “está enriquecida com todos os poderes de Jesus Cristo: como Ele, cura paralíticos e ressuscita mortos”. “Esta luta é para ser travada em Igreja, com a força da Igreja”, sublinhou. O presidente da CEP, D. Jorge Ortiga, disse à RR que estes cursilhos são “imprescindíveis pela variedade daquilo que os anima, imprescindíveis pela linguagem que usam e imprescindível pelo espírito de igreja que conseguem criar nos seus membros”. O Arcebispo de Braga considera que este movimento é hoje mais actual do que nunca porque interpela as pessoas para que despertem para uma vida nova e para a necessidade de um novo compromisso com Cristo. Europa e evangelização D. Manuel Clemente, Bispo do Porto, apresentou uma conferência intitulada “O Movimento dos Cursilhos de Cristandade na nova evangelização da Europa”, alertando para a necessidade crescente do anúncio do Evangelho no Velho Continente. “Outrora, foi da Europa que partiram iniciativas e indicações apostólicas. Ultimamente são lançadas também desses espaços ultramarinos, onde a vitalidade cristã se manifesta porventura mais. Mas, no que ao nosso continente respeita, há ouvidos e corações prontos e disponíveis para as acolher e levar por diante, com criatividade e entusiasmo”, disse. Num olhar sobre as últimas décadas de vida da Igreja, acompanhados por estes Cursos de Cristandade, o Bispo do Porto admite que “hoje estará mais diluída ainda a tradição cristã europeia”, por diversos factores socioculturais, e “serão ainda mais indefinidos os contornos comunitários, especialmente das paróquias, atingidas que são pela mobilidade demográfica e a individualização dos percursos existenciais”. Mesmo após a queda do bloco soviético, precisou, “indiferentismo, secularismo e ateísmo, continuaram bem presentes no nosso continente; o esvaziamento da fé cristã e o seu desaparecimento dos momentos axiais da existência, também; sobrevivência da religiosidade popular, mas com riscos de se alterar e esbater, igualmente”. “Ou seja, a nova evangelização há-de responder aos reptos da descrença e converter a própria religiosidade costumeira”, atira o Bispo do Porto. Para D. Manuel Clemente, não foi apenas o “ateísmo ideológico e de Estado que quase obnubilou a tradição cristã de grandes zonas do nosso continente”. “Pessoalmente desmotivadas, essas pessoas perderam a prática e também não acharam importante integrar os seus filhos na vida da Igreja. O Baptismo passou, quando muito, a ser uma possibilidade, deixada à escolha dos filhos quando crescerem…”, alertou. Segundo este responsável, “os Cursilhos estão aí, felizmente, espalhados pelo continente europeu, como ocasião de anúncio e testemunho de Cristo vivo, como princípio ou recomeço de vida comunitária, como escola e partilha de ardor missionário para o espaço envolvente. “É por tudo isto que o Movimentos dos Cursilhos de Cristandade está e continuará a estar, com determinação e criatividade, na primeira linha da nova evangelização”, concluiu. História O primeiro Cursilho de Cristandade realizou-se no ano de 1944, em Cala Figuera, Espanha. Este é um movimento de Igreja que visa a vivência do fundamental cristão, em ordem a criar núcleos de cristãos que vão fermentando de Evangelho os ambientes, ajudando a descobrir e a realizar a sua vocação pessoal. O Cursilho propriamente dito é uma experiência de Deus vivida comunitariamente em três dias. Mas esta fase do movimento é completada por outras duas fases, a do Pré-Cursilho, que pretende seleccionar os ambientes e as pessoas a atingir, e, a do Pós-Cursilho, na qual se procura que a mensagem recebida no Cursilho se enraíze e ganhe profundidade na vida das pessoas, em ordem à sua conversão progressiva e à transformação dos ambientes. No Pós-Cursilho as actividades principais são as reuniões de Grupo, Ultreias, em regra semanais, e a Escola. Chegou a Portugal em 1960, tendo-se realizado o 1.° Cursilho em Fátima, de 29/11 a 02/12 de 1960. Notícias relacionadas • Fátima: Peregrinação mensal de Abril recorda a importância da evangelização • O Movimento dos Cursilhos de Cristandade na nova evangelização da Europa • Homilia do Cardeal-Patriarca na Peregrinação e Ultreia Europeia dos Cursilhos de Cristandade

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