D. Manuel Clemente acredita que a visita de Bento XVI vai animar as pessoas
O bispo do Porto considerou esta Quinta-feira, 15 de Abril, na Guarda, que a decisão do Governo de dar tolerância de ponto por ocasião da presença do Papa Bento XVI em Portugal não terá consequências negativas para a economia.
“Sinceramente, não me parece”, disse D. Manuel Clemente, acrescentando que se a vinda do Papa “animar mais as pessoas, certamente que lhes dá vontade de trabalhar melhor”.
O prelado, que falava à margem de uma conferência integrada no centenário da República promovida pela diocese da Guarda, adiantou também que “as autoridades do Estado em si são laicas, mas a sociedade não o é”.
“Portanto, se há um acontecimento que realmente interessa a tanta população portuguesa e que não acontece todos os dias, as autoridades administrativas, como zeladoras do bem comum, têm que ter isso em conta”, explicou
D. Manuel Clemente acrescentou que a decisão do Governo lhe parece “lógica”, como aceitaria que houvesse igual atitude “se fosse outro tipo de acontecimento cultural ou religioso de outra pertença, mas que também fosse igualmente significativo”.
Ao ser questionado sobre se a polémica em torno as denúncias de pedofilia poderá abalar a imagem da Igreja Católica, D. Manuel Clemente respondeu que “não”.
“Eu julgo que não abala, porque quem conhece o clero português, quem o atesta e quem o anima são as comunidades cristãs que estão com os nossos padres no dia a dia e cujo testemunho é exactamente o contrário, querem é que eles continuem e que ainda sejam mais”, referiu.
“Para todos nós, esse problema, como qualquer outro que surja, é um problema que nos leva a ser mais rigorosos connosco e a sermos também mais exigentes em tudo, mas isso é a vida da Igreja”, acrescentou.
Durante a conferência intitulada “Relações Igreja-Estado em vésperas da proclamação da República”, proferida na Sala da Assembleia Municipal da Guarda, que estava repleta, o bispo do Porto falou durante cerca de duas horas de alguns aspectos que marcaram aquela época.
Recordou que a promulgação da lei de separação entre Estado e Igreja, em 1911, “foi um grave problema” para o país.
“A rejeição foi geral, por parte do episcopado e do catolicismo”, referiu o prelado diocesano, lembrando que “até Fevereiro de 1918 a questão da lei da separação manteve-se e foi um problema complicado para que o catolicismo e a República pudessem viver em paz”.
A conferência de D. Manuel Clemente foi a primeira de um conjunto de iniciativas promovidas pela Diocese da Guarda para assinalar o centenário da República.
Jornal “A Guarda”