Bispo do Porto encerra comemorações dos 75 anos do Colégio de São Gonçalo

O Colégio de São Gonçalo concluiu as comemorações dos seus 75 anos, com uma Sessão Solene, presidida pelo Bispo do Porto, Dom Manuel Clemente. À chegada, o Bispo foi recebido, em festa, nesta «sua Escola Católica». A Banda Musical de Amarante interpretou, entre outras peças, o Hino a São Gonçalo, padroeiro do Colégio. Entre os presentes, destacavam-se o Presidente da Câmara Municipal de Amarante, Directores de Colégios Diocesanos, Presidentes dos Conselhos Directivos das Escolas do concelho e do Externato de Vila Meã, antigos alunos e professores, as Irmãs Franciscanas Hospitaleiras da Imaculada Conceição e muitas autoridades civis e militares, pais e encarregados de educação. Director propõe assumir a Herança para a dignificar e perpetuar A sessão solene decorreu no espaço do Ginásio, tendo como pano de fundo o lema destes 75 anos do colégio: «um percurso com sentido». Para começar, Monsenhor Clemente, Director do Colégio, para além da saudação aos presentes quis «dar conta do que foi e é este estabelecimento de ensino, a partir do seu Ideário e Projecto educativo». Assumindo-se como «mensageiro e intérprete humilde da realidade que é o Colégio de São Gonçalo», resumiu, magistralmente, a história e a vida do Colégio, desde a sua fundação até hoje, lembrando momentos difíceis e desafios vencidos. No seu discurso, reafirmou não «o propósito de cumprir um ritual acomodado a praxes» mas a satisfação por poder «fazer memória de tudo o que de valioso e digno de registo aconteceu ou foi realizado por quem nos precedeu, ao longo de 75 anos do serviço desta Instituição». «Ao comemorarmos», disse o Director, «quisemos evocar factos que não devem ser esquecidos, tornar presentes pessoas de quem queremos assumir “Herança” com vontade firme de a perpetuar e dignificar». Escola da Igreja não é supletiva da Escola do Estado E apontando para o futuro, o Director do Colégio realçou: «com a força de sempre, alicerçada no direito natural da liberdade de aprender e ensinar, o bem maior que representa a Escola Particular – a da Igreja ou de outra instituição. Não mais seja assumido que a Escola que não é do Estado, é apenas supletiva ou concorrente da escola pública». E, reafirmou com vigor, uma das linhas mestras do projecto educativo: «É esta a natureza do Colégio de S. Gonçalo – Escola Particular; Escola da Igreja, inovadora e inserida no ritmo dos tempos; solidária com o futuro sem abdicar do respeito devido ao património recebido e aos valores assumidos. Considera-se uma das respostas institucionais ao direito que toda a pessoa tem à educação. Procura desenvolver no aluno a dimensão pessoal, social e religiosa, através duma educação personalizada, humanizadora e aberta ao transcendente. Responsabiliza, no processo educativo – Pais, professores, alunos, auxiliares educativos, toda a comunidade envolvente. Cultiva o diálogo, a transparência e a compreensão. Prefere medidas preventivas às correctivas. Abre-se a todas as concepções pedagógicas, conducentes a um maior enriquecimento e a uma melhor realização dos seus objectivos». Desafios à Escola Católica Os Discursos foram retomados, com a palavra de Joaquim Azevedo. O Director do Centro Regional do Porto, da Universidade Católica, começou a sua Palestra, por situar a Escola, perante as dificuldades e perplexidades do actual momento social e cultural, em fortíssima mutação e com a tentação de «recuo» para o individualismo, para o enclausuramento das pessoas, face à incerteza do futuro, à fragmentação da família e a uma sociedade fortemente mediatizada. Perante este cenário, lembrou alguns desafios para a Escola de hoje. Primeiro, que o próprio sistema de Educação, perante esta mutação rápida, seja capaz de evoluir, abrindo-se à inovação. As Escolas não podem tornar-se «armazéns» onde se deixam os filhos e onde eles passam a maior parte do seu tempo; é preciso criar equipas pedagógicas e que os professores saibam transmitir o tesouro cultural, formando pessoas de modo crítico e criativo. Como segundo desafio, destacou quanto era importante que a Escola sendo de todos e para todos, não deixasse ninguém pelo caminho. O princípio evangélico da proximidade implica o dever de acolhimento e acompanhamento de todos e de cada um. Um Escola orientadora Referindo-se à dificuldade dos jovens em definir para si um projecto de vida, disse claramente que outro desafio é que a Escola se torne «escola de orientação, assumindo o dever de propor um sentido de orientação para a vida, com valores e de valores». Citando o Projecto Educativo do Colégio, e classificando-o como uma «belíssima peça», mesmo que num texto demasiado longo, referiu-se então ao dever da Escola Católica em «desenvolver no aluno a dimensão ética, religiosa, e transcendente, alargando a acção educativa à área do sentido da existência humana, e apresentando a mensagem libertadora de Jesus Cristo sobre o Homem, a vida, a história e o mundo». Terminaria com um terceiro desafio: a necessidade de trabalhar «nas fronteiras», não permitindo que se criem comunidades da «mesmidade», mas comunidades que potenciam a relação, a proximidade e a comunhão. A importância do trabalho com a família, cujo papel é, de todo insubstituível, e com o meio envolvente, foi muito destacada pelo Professor. Usou ainda da Palavra o Presidente da Câmara Municipal de Amarante, Armindo Abreu, começando por lembrar um «princípio sagrado» da primeira república, segundo o qual «não há desenvolvimento sem educação». Quis realçar que depois do 28 de Maio de 1926 e com o Estado Novo, o acesso à Educação para todos, tornou-se mais difícil. Foi «graças à Igreja Católica, com a sua rede de Colégios e seminários» que muitas gerações, entre as quais a minha, puderam encontrar um espaço de formação». Em jeito de testemunho pessoal, o Presidente da Câmara, enalteceu o papel da Igreja no Ensino, destacando o Colégio de São Gonçalo, como uma das mais prestigiadas instituições a esse nível e no concelho, capaz de dar resposta aos múltiplos desafios que a sociedade lhe colocou ao longo da história. Bispo do Porto propõe um percurso consentido Caberia a D. Manuel Clemente encerrar a sessão. Tomando como «mote» o lema destes «75 anos «um percurso com sentido», desafiou a todos os elementos da comunidade educativa a «um percurso consentido». E – disse – «foi um percurso com sentido e consentido na vida do Colégio, dos seus Directores, dos seus professores e de todos aqueles que por aqui passaram». Dom Manuel Clemente lembrou que a vivência cristã «não deixa nada de fora» e por isso «plasma e transformar por dentro toda a realidade toda da pessoa e da comunidade», fazendo também da Escola, «um lugar onde aflora, por meio e por dentro de tudo, um sentido para a vida». Lembrou aos educadores que «tudo aquilo que é transmitido, se faz substância da vida daquele que recebe. Terminou felicitando o Colégio e dando os «parabéns pelo bem feito e pelo que há a fazer». No final da sessão, houve um momento de confraternização e convívio, com entidades, antigos e actuais professores, funcionários e representantes dos antigos alunos. A.G.

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