D. Manuel Clemente indica que os dois campos encontram a síntese no ser humano
D. Manuel Clemente defendeu complementaridade entre fé e ciênciasituou, situando a sua relação entre na complementaridade e interacção.
O bispo do Porto interveio esta Quinta-feira no Ciclo de Conferências «Diálogos com a Ciência», da Reitoria da Universidade do Porto, e indicou que a afirmação da “mentalidade científica exigiu a redefinição da esfera religiosa e a persistência da religião situou a ciência no seu campo específico”.
Se hoje em dia – “felizmente” – distinguimos ciência e religião, disse, “seria impensável fazê-lo em épocas menos desenvolvidas da humanidade”.
A História foi conhecendo “cientistas crentes” e “sacerdotes cientistas”. Num breve percurso histórico, D. Manuel Clemente recordou o contributo de muitos crentes na evolução científica e destacou o pioneirismo do Pe. Luís Archer, no campo da biologia e da genética molecular.
O bispo do Porto considerou que religião e ciência “coexistem num único ser humano”. Nesse sentido “a consciência de si e o sentido que dá à existência pessoal e colectiva, se estão profundamente ligados às condições materiais e sociais coetâneas, excedem as circunstâncias por partirem de «antes» ou «de dentro» delas”.
A Igreja “está directamente interessada na evolução , pois ela se refere à concepção do homem”, afirmou o Bispo do Porto, recordando palavras de João Paulo II. O equilíbrio permite “harmonizar dois pontos de vista, que pareceriam inconciliáveis”.
As ciências da observação “descrevem e medem as múltiplas manifestações da vida e inscrevem-nas na linha do tempo” e a experiência estética e religiosa “são da competência da análise e da reflexão filosóficas, ainda que a teologia esclareça o seu sentido último segundo os desígnios do Criador”.
D. Manuel Clemente afirmou que o cristão saberá “respeitar o mundo como mundo, na compreensão e progresso do seu dinamismo intrínseco”, sem perder o sentido das coisas enquanto “partilha universal da vida recebida, respeitada e potenciada, quer em termos pessoais e inter-pessoais, quer na dimensão ecológica geral”.