Bispo de Viseu explica posição sobre o referendo ao aborto

Despenalização apenas aborda um terço da pergunta que será colocada aos portugueses, assinala D. Ilídio Leandro Os partidos políticos que “propuseram o referendo” e os movimentos “defensores do «Sim» ao aborto apenas se fixam num terço da pergunta” da questão que será referendada. Esta é a posição de D. Ilídio Leandro, bispo de Viseu, manifestada em declarações à Agência ECCLESIA. Como a pergunta tem três questões – relativas à despenalização da mulher, à liberalização do aborto até às dez semanas e à sua realização em estabelecimento de saúde legalmente autorizado -, os movimentos pelo «Sim» ao aborto “centram-se apenas na primeira questão”. Num debate da Escola Superior de Educação, em Viseu, o bispo disse que no contexto da lei actual – com as três situações que já permitem o aborto – e que se a pergunta fosse apenas se “aceitava que a mulher fosse despenalizada, eu votaria sim”. E acrescenta: “normalmente a mulher é a vítima destas situações porque é abandonada pela sociedade e Estado – ausência de apoios -, muitas vezes também pelo companheiro, e o profissional de saúde aceita esta prática para ter benefícios”. Neste contexto a mulher “é a vítima e aquela que fica na solidão”, frisou D. Ilídio Leandro. O voto do bispo de Viseu seria «sim» se “não existissem os outros dois itens na perguntas”. E adianta: “a mulher procura o aborto quando não tem outra alternativa”. As afirmações saídas na comunicação social “estão descontextualizadas”, assinala o prelado, mas assegura que “irei continuar a participar em debates de esclarecimento sobre esta questão”. Com formação em Teologia em Moral, o pastor da diocese de Viseu esclarece que as suas orientações passam pela “defesa da vida”, com respeito pelas “posições que pensam de forma diferente”. E explica: “sou apologista de uma linguagem dialogante”. Após o referendo ao aborto – depois da divulgação dos resultados ou no dia seguinte – D. Ilídio Leandro revela que irá dapresentar um nota pastoral sobre estas realidades. Quando defende a vida, a Igreja tem de “ser coerente” e “não pode apenas dar palavras”. Neste sentido, a diocese de Viseu anunciará – através da Nota pastoral – uma “proposta de coerência para com os mais desprotegidos”. Ao nível do envolvimento dos cristãos nesta área vital, o bispo diocesano está admirado com o empenho destes, que considera “muito maior que em 1998″. “Noto uma grande mobilização e alegria pela defesa da vida”, indica. Nos próximos dias, D. Ilídio Leandro continuará a entrar em debates sobre a defesa da vida, até porque o tema pastoral para a diocese de Viseu para este ano é “Vocações na Igreja”. “Dividi o plano em três partes: vocação à vida (até Janeiro); vocação ao amor (até à Páscoa) e vocação à comunhão (até ao Pentecostes)”, concluiu.

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