Bispo de São Tomé quer romper ciclo da pobreza

Igreja com forte presença de missionários portugueses aposta nos leigos e nas novas gerações para ajudar no progresso do país O Bispo de S. Tomé e Príncipe, D. Manuel António dos Santos, conta com os leigos do país e com a educação das novas gerações para quebrar o ciclo da pobreza na sociedade e construir comunidades maduras, na Igreja. Em declarações ao Programa ECCLESIA, um ano após ter assumido os destinos desta Igreja lusófona, o prelado fala das dificuldades por que passa grande parte da população, apesar de assinalar dois campos em que se tem apostado mais, recentemente. “Um deles, é a exploração do petróleo, que continua a ser uma miragem. Diz-se que existem grandes potencialidades, mas até hoje não deu nada de significativo ao país”, indica. Por outro lado, há a aposta no turismo, um campo que muitos vêem como aposta de futuro. “São Tomé tem grandes potencialidades turísticas que estão completamente inexploradas”, adianta. À situação de pobreza, que marca o território, junta-se a instabilidade política. “Há que apelar, de facto, aos políticos, para que procurem assumir a condução do país na preocupação de trabalhar pelo desenvolvimento daquele povo e não nos seus interesses pessoais, o que não deixa de ser sempre uma tentação”, diz D. Manuel António dos Santos. Os efeitos da crise internacional, em particular o seu reflexo no preço dos combustíveis e dos alimentos, preocupam o Bispo de “um país que vive completamente dependente da importação”. Para quebrar este ciclo da pobreza, a aposta passa pela educação, apesar da falta de professores, de escolas, de material escolar. “A Igreja procurou colaborar neste campo, de duas maneiras: através da criação do IDF, uma escola com equiparação a Portugal, do 5.º ao 12.º ano; ao mesmo tempo, através de lares, sobretudo para meninas”, elenca. O Bispo português, missionário claretiano, confessa dificuldades quando se trata de “encontrar líderes nas várias comunidades”, para procurar que os grupos se comprometam com a Igreja. Nesta Igreja mestiça, ainda com muitas crenças ancestrais, há uma grande e importante presença de missionários portugueses. D. Manuel António dos Santos confessa esperar que um dia São Tomé tenha um bispo autóctone, da mesma forma que destaca a necessidade de ter mais clero nascido e formado no país. “A Igreja é universal, daí o sentido de Bispos de outros países, mas se puder chegar o momento em que o pastor também seja nascido na comunidade será muito especial”, assinala. Em 1994, o prelado foi enviado como missionário para as Ilhas que agora o recebem como pastor diocesano. Os claretianos têm uma presença forte no país, pois a sua chegada deu-se em 1927, e a história religiosa de S. Tomé e Príncipe não pode ser feita sem se fazer referência a estes missionários. Por tudo isto, é sem surpresa que se ouve dizer a D. Manuel António dos Santos que foi “bem recebido” e que não encontrou “a mínima reacção pelo facto de ser europeu”. À acção dos claretianos juntam-se hoje várias congregações, sobretudo femininas, e começa a surgir o clero local, “um grupo interessante de sacerdotes diocesanos”. A presença de missionários, contudo, é considerada “importante” pelo Bispo de São Tomé, para mostrar “outros rostos da Igreja”.

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