Em entrevista ao programa “Diga Lá Excelência”, D. António Marto desvaloriza o impasse sobre a aceitação do milagre para a Canonização dos Pastorinhos. O Bispo de Leiria-Fátima afirma que se o milagre for rejeitado não será nenhuma tragédia. “A Santidade está reconhecida. Isto para a Igreja funciona, num sentido figurativo, como uma espécie de selo definitivo. Na pedagogia divina o tempo é relativo, tanto faz que seja hoje como amanhã. A causa continua para a frente.” Nestas declarações, o Bispo coloca a hipótese de poder vir a ser necessário um outro milagre para a Canonização avançar. Tudo depende da apreciação feita pelos especialistas do Vaticano. “Os médicos ainda não deram a sentença definitiva, mas pode muito bem acontecer que este caso pertença à diabetes curável com o tempo. Embora, até subjectivamente, se pudesse pensar que tivesse acontecido por intercessão dos Pastorinhos. Simplesmente aqui lida-se na base da ciência e os médicos têm de ser rigorosos e sérios”. Em relação à mensagem de Fátima e a sua actualidade, considera que ainda está por fazer o estudo sobre a influência que teve a mensagem, a partir sobretudo de 1947, “na criação de uma consciência ética, jurídica e política da paz e na rejeição da guerra”. Reagindo às afirmações do Cardeal Bertone, segundo o qual Fátima está na geografia das viagens do Papa, D. António Marto diz-se satisfeito e acredita que Bento XVI não veio agora ao Santuário, para as celebrações dos 90 anos das Aparições, porque o convite chegou tarde. Sobre a nova Igreja da Santíssima Trindade diz apreciar o edifício em si , que proporciona muito conforto e recolhimento aos peregrinos, mas no interior é do painel por detrás do altar que mais gosta: “Uma obra-prima de arte que é o chamamento da Igreja universal à pátria celeste”. Na entrevista, o Bispo sublinha que “Fátima é uma montra” de Portugal, pois é um dos principais destinos turístico do país. Uma realidade que, na sua opinião, devia merecer um novo olhar por parte das autoridades autárquicas e do Governo para a cidade.