Bispo de Díli alerta para as dificuldades dos timorenses

O Bispo de Díli, D. Alberto Ricardo da Silva, assegura que a Igreja Católica no país está “empenhada” na procura de uma solução para a crise que se abateu sobre Timor-Leste e no apoio à população. Em entrevista à RR, o Bispo descreve o cenário de dificuldades em que se vive na capital timorense: “muitas casas arderam, as pessoas não têm o que comer, recorrem às casas religiosas e seminários”. O coordenador humanitário da ONU para Timor-Leste, Finn Reske-Nielsen, estimou esta terça-feira em 78 mil o número de pessoas deslocadas em consequência da recente onda de violência no país. O último balanço relativo ao número de deslocados que precisam de assistência humanitária nos 13 distritos timorenses supera em 15 mil pessoas as estimativas anteriores, de 63 mil pessoas fora de suas casas. D. Alberto Ricardo da Silva refere que tem estado em contacto com as autoridades nacionais e internacionais para tentar organizar as operações de socorro e fazer chegar “comida, roupa, produtos de higiene, etc.” a um povo inteiro que está “fora de casa”. Quanto à presença das tropas internacionais presentes no território, o Bispo de Díli acredita que chegaram a tempo de evitar o pior. D. Alberto garante que a responsabilidade pelo futuro do país é “unicamente do governo” e espera que sejam encontradas soluções para o sofrimento do povo. Armas O Conselho de Estado de Timor-Leste reúne-se quarta-feira para avaliar a situação e os “últimos desenvolvimentos, designadamente as alegações sobre a distribuição de armas a grupos de civis”, disse hoje fonte oficial à Agência Lusa. A última reunião do Conselho de Estado (CE), órgão consultivo do Presidente Xanana Gusmão, durou dois dias (29 e 30 de Maio) e culminou com uma comunicação do chefe de Estado ao país, a anunciar a adopção de uma série de medidas de emergência para ultrapassar a crise político-militar em Timor-Leste. Entre as medidas anunciadas figurava a entrega voluntária de armas. As medidas de emergência têm a validade de 30 dias, podendo ser prorrogadas se necessário. Entretanto, os militares rebeldes, liderados pelo major Alfredo Reinado, procederam à entrega das suas armas, cumprindo ordens nesse sentido do Presidente da República. Relativamente à distribuição de armamento a grupos de civis, a crise timorense conheceu nos últimos dias novos desenvolvimentos, com um grupo de entre 30 a 35 efectivos, a acusar o primeiro-ministro de ter ordenado ao então ministro do Interior, Rogério Lobato, a distribuição de armas e fardas. O Bispo de Díli refere, a respeito destes últimos desenvolvimentos, que a Igreja não pode ficar calada “quando o povo grita e sofre”, mas nega qualquer envolvimento político da hierarquia política em toda esta crise. “A Igreja não se mete na política e, muito menos, no tráfico de armas, que alguns estão a fazer – vamos ver até quando…”, aponta. Sobre a distribuição de armas a civis, D. Alberto não tem dúvidas em afirmar que se trata de “um crime” praticado por “irresponsáveis”.

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