«Por uma vida dedicada aos direitos humanos e ambientais de povos indígenas e pelo seu empenho incansável para salvar da destruição a floresta amazónica», o bispo católico Erwin Kräutler foi galardoado com o prémio “Right Livelihood Award”.
A atribuição do galardão, conhecido como o “Prémio Nobel alternativo”, decorreu dia 6 de Dezembro, na sede do Parlamento sueco, em Estocolmo.
Segundo um comunicado enviado pela organização “Survival International” à agência ECCLESIA, D. Erwin Kräutler, de 71 anos, luta há décadas pelos direitos dos índios do Xingu, na Amazónia brasileira, que estão actualmente ameaçados pela construção da central hidroeléctrica de Belo Monte.
Na cerimónia de atribuição do prémio, o prelado brasileiro, actual presidente do Conselho Missionário Indígena, da Igreja Católica do Brasil, descreveu Belo Monte como “um projecto que nunca considerou os direitos e preocupações legítimas do povo de Xingu”.
Criticando duramente o actual governo brasileiro, que ignora as dificuldades por que passam as populações amazónicas, D. Kräutler apontou “a dor, o desespero e a falta de segurança” dos índios Guarani, revelando que “eles estão a ser confinados a áreas muito pequenas; os mais jovens não têm perspectivas de futuro e a taxa de suicídio entre os índios é extremamente alarmante”.
O problema da Amazónia, para o bispo brasileiro, está na luta constante pela posse e pelo uso da terra. “A violência rural está ligada à concentração de terra em poucas mãos” lamenta o prelado, acrescentando que “os criminosos são recompensados com uma impunidade vergonhosa, matam e nada acontece”.
O “Right Livelihood Award” procura todos os anos premiar as pessoas que mais se distinguiram, «através da apresentação de soluções práticas e exemplares» no combate aos desafios do dia a dia.
No caso de D. Erwin Kräutler, para além de trabalhar junto das populações indígenas da Amazónia desde os tempos de seminarista, colocou muitas vezes a própria vida em causa para defender os mais oprimidos.